O Apple Watch não está vivendo seus melhores dias. Um relatório recente da Counterpoint Research trouxe números que confirmam o que muitos já suspeitavam: as vendas do relógio inteligente da Apple estão despencando pelo segundo ano consecutivo.
Em 2024, os envios globais do dispositivo caíram 19% em relação ao ano anterior, após uma queda de 10% em 2023. E o mais surpreendente? Nem o lançamento do novo Apple Watch Series 10 em setembro de 2024 conseguiu reverter essa tendência. Vamos entender o que está acontecendo, por que o mercado está esfriando e o que a Apple pode fazer para virar o jogo.
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Apple Watch e uma queda que não passa despercebida
O Apple Watch já foi sinônimo de inovação, com recursos como monitoramento de saúde, notificações no pulso e integração perfeita com o iPhone. Mas, segundo a Counterpoint, os números contam uma história preocupante. Em 2024, os envios do relógio caíram em quase todas as regiões do mundo, com exceção da Índia, que foi um ponto fora da curva. O maior golpe veio da América do Norte, onde mais da metade dos Apple Watches são vendidos. Quando o mercado mais importante da Apple começa a virar as costas, é sinal de que algo não está certo.
O que torna essa queda ainda mais intrigante é que ela aconteceu mesmo com o lançamento do Apple Watch Series 10. Historicamente, novos modelos impulsionam as vendas, mas, pela primeira vez, a Apple viu uma queda ano a ano no terceiro trimestre de 2024, justo quando a nova série chegou às lojas. Isso levanta a pergunta: o que está afastando os consumidores?
O grande vilão: falta de novidades
Se você está esperando um culpado como preços altos ou problemas de qualidade, a resposta da Counterpoint pode surpreender. O principal motivo para a queda nas vendas não é o custo do Apple Watch, mas a falta de atualizações significativas na linha de produtos. Em 2024, a Apple lançou o Series 10, mas deixou de lado dois modelos importantes: o Apple Watch SE, a opção mais acessível, e o Apple Watch Ultra, o modelo premium para aventureiros. O último SE é de 2022, e o Ultra 2, de 2023. Sem novidades nesses segmentos, muitos consumidores simplesmente não viram motivo para trocar seus relógios antigos.
O Apple Watch SE, que custa cerca de US$ 249 (R$ 3.300 no site da Apple no Brasil), é o queridinho de quem quer um smartwatch funcional sem gastar muito. Já o Ultra 2, com preço de US$ 769 (cerca de R$ 10.000 no site da Apple), é voltado para um público de nicho, representando menos de 10% das vendas totais.
O Series 10, com preço inicial de US$ 399 (R$ 5.500 no site da Apple), tenta ser o meio-termo, mas, sem upgrades empolgantes, não conseguiu conquistar quem já tem um modelo recente. Em resumo, a Apple deixou de atender tanto os consumidores que buscam economia quanto os que querem o topo de linha, e isso cobrou um preço alto.
O mercado não perdoa
Enquanto a Apple enfrenta essa crise, o mercado de smartwatches como um todo também sentiu o impacto. Segundo a Counterpoint, os envios globais de smartwatches caíram 7% em 2024, marcando a primeira queda anual da história do setor. Mas, enquanto a Apple amargou perdas, concorrentes como Huawei, Xiaomi e Samsung nadaram de braçada. A Huawei cresceu 35%, a Xiaomi disparou 135% e até a Samsung, com um crescimento modesto de 3%, saiu na frente com modelos como o Galaxy Watch 7 e o Galaxy Watch Ultra.
A força dos concorrentes, especialmente na China, que ultrapassou a América do Norte como o maior mercado de smartwatches em 2024, mostra que os consumidores estão encontrando alternativas. Marcas chinesas oferecem opções mais baratas e repletas de recursos, como monitores de saúde avançados, que atraem quem não quer (ou não pode) pagar o preço de um Apple Watch. E, com a Apple enfrentando disputas de patentes que limitaram recursos como o sensor de oxigênio no sangue nos EUA, a concorrência ganhou ainda mais espaço.
O que a Apple pode fazer?
A boa notícia para os fãs da maçã é que nem tudo está perdido. Analistas acreditam que 2025 pode marcar uma recuperação, mas a Apple precisa agir rápido. A Counterpoint sugere algumas estratégias claras:
- Lançar novos modelos SE e Ultra: Um Apple Watch SE atualizado, talvez com design mais moderno ou recursos de saúde aprimorados, poderia atrair quem busca custo-benefício. Da mesma forma, um Ultra 3 com novidades como conectividade via satélite poderia reconquistar os fãs de esportes radicais.
- Inovar no Series 11: O Series 10 foi criticado por trazer melhorias modestas, como uma tela maior e design mais fino, mas sem grandes novidades em funcionalidades. Para 2025, a Apple precisa de algo revolucionário – quem sabe um sensor de pressão arterial ou monitoramento de glicose não invasivo?
- Apostar em IA e saúde: Concorrentes estão investindo em recursos de saúde com inteligência artificial, como detecção de apneia do sono ou diabetes. A Apple, que já lidera em monitoramento cardíaco, poderia usar a IA para oferecer insights mais personalizados e manter sua vantagem.
Há sinais de que a Apple está ouvindo. Rumores divulgados por Mark Gurman, da Bloomberg, indicam que a empresa planeja lançar novos modelos SE e Ultra ainda em 2025, junto com o Apple Watch Series 11. Se esses dispositivos trouxerem inovações de peso, como conectividade 5G ou um design mais acessível para o SE, as vendas podem voltar a crescer.
Fonte: Mashable