Uma reportagem publicada na última segunda-feira (25) revelou que diversas empresas do grupo das Big Techs podem ter usado ouro extraído ilegalmente da Amazônia. Dentre elas estão Apple, Amazon, Google e Microsoft. As Big Techs listaram entre os seus fornecedores duas empresas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Entenda melhor o caso nos próximos parágrafos.
As duas refinadoras em questão são a Chimet e a Marsam. A primeira empresa é italiana. Ela está sendo investigada pela Polícia Federal por extrair ouro de garimpos clandestinos localizados na terra indígena Kayapó. Já a Marsam é uma empresa brasileira. Também está sendo investigada pela PF. A suspeita é de que ela esteja comprando ouro ilegal e causando diversos danos ambientais.
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Descoberta das ilegalidades
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Essa descoberta só foi possível graças a uma lei americana. Todas as empresas do ramo de tecnologia, dentre elas Apple, Amazon, Google e Microsoft, são obrigadas a informar a lista de fornecedores de algumas matérias-primas. Dentre elas estão: ouro, estanho, tungstênio e tântalo.
A lista de fornecedores é enviada para a SEC (U.S. Securities and Exchange Commission). Esse órgão é responsável por regular o mercado financeiro na terra do Tio Sam.
O site Repórter Brasil, que foi quem publicou a reportagem com as denúncias, teve acesso aos documentos enviados pelas Big Techs à SEC nos anos de 2020 e 2021. Em ambos constavam o nome Chimet e Marsam na lista de fornecedores de ouro. Porém, documentos de anos anteriores também incluem as duas empresas investigadas.
A lei que obriga Apple, Amazon, Google e Microsoft a revelarem seus fornecedores foi criada em 2010. Foi justamente uma resposta à guerra civil desencadeada na República Democrática do Congo. É uma prática comum em países menos desenvolvidos, como os da África, o financiamento de grupos armados através da exploração mineral.
As duas empresas possuem certificação internacional
![Ouro extraído ilegalmente no Brasil foi utilizado por Apple, Google, Microsoft e Amazon 2 Garimpo ilegal](https://www.hardware.com.br/static/wp/2022/07/26/TI-Munduruku-Foto-Marizilda-Cruppe_Amazonia-Real_Amazon-Watch.jpg?fit=scale&fm=pjpg&h=512&ixlib=php-3.3.1&w=768&wpsize=medium_large)
Para piorar ainda mais a situação, ambas as empresas são certificadas por organizações internacionais. A Chimet é certificada pela LBMA, com sede na Inglaterra. Já a Marsam é certificada pela RMI.
A LBMA declarou que sabe da investigação da Polícia Federal. Entretanto, os auditores não encontraram falhas no fornecimento e nem nas respostas da empresa às acusações. Já a RMI pediu correções para a refinadora brasileira Marsam. Caso ela não apresente um plano de ação, deixará de ter a certificação de conformidade.
Outro fato curioso é que nem a LBMA e nem a RMI consideram o Brasil uma área de risco no que tange à extração mineral. Tudo bem, aqui pode não ter guerras civis como ocorrem na África. Mas a extração ilegal de ouro e outros minerais causa diversos estragos ambientais. Bons exemplos são o desmatamento da Amazônia e a contaminação de rios por diversos poluentes, como mercúrio. Sem falar no crime organizado e nos ataques a tribos indígenas.
Com respeito a essas acusações, apenas a Apple se pronunciou até o momento. Ela disse que os seus padrões de fornecimento “proíbem estritamente o uso de minerais extraídos ilegalmente”. Devido a isso, a refinadora Marsam foi removida da lista de fornecedores. Entretanto, a Chimet foi mantida. Sabe-se lá o porquê.
Fonte: Repórter Brasil