Localizado em Hillsboro, no estado do Oregon, o maior complexo fabril da Intel nos Estados Unidos emprega mais de 23 mil pessoas e é peça-chave na tentativa da empresa de recuperar protagonismo no setor de semicondutores.
O que surpreendeu o mercado foi o anúncio de 2.500 demissões — um número cinco vezes maior do que os 500 cortes inicialmente planejados. Essa medida marca um reposicionamento interno agressivo, mesmo com a fábrica no centro de um investimento estimado em US$ 65 bilhões.
De 500 para 2.500: o aumento repentino nos cortes
Fontes ligadas à empresa indicam que os cortes são parte de uma política de redução de custos mais ampla, liderada por Lip-Bu Tan, um dos principais nomes da nova gestão da Intel. A escala das demissões, no entanto, levanta dúvidas sobre a confiança real da liderança atual nos planos anteriores — especialmente no que diz respeito à litografia 18A e à capacidade de competir com TSMC e Samsung.
A promessa dos chips 18A — e por que eles são importantes
Intel 18A promete 25% mais desempenho ou 36% menos consumo de energia
A litografia Intel 18A representa um avanço técnico crucial. Com foco em eficiência energética e densidade de transistores, esse processo seria o primeiro a utilizar as tecnologias RibbonFET e PowerVia, vistas como essenciais para os chips de nova geração voltados à inteligência artificial, computação de alto desempenho e servidores.
A produção em massa desses chips estava prevista para 2025, com metas ambiciosas de entregar tanto para produtos próprios da Intel quanto para terceiros — uma estratégia chamada foundry services, que tentava espelhar o modelo da TSMC.
Mas o aumento dos cortes pode indicar um recuo significativo dessa ambição.
Um investimento bilionário com apoio do governo
A planta do Oregon não é apenas um projeto interno da Intel. Ela é também um dos maiores beneficiários do CHIPS Act, o pacote multibilionário do governo dos EUA criado para reindustrializar o setor de semicondutores e diminuir a dependência da Ásia.
No papel, o projeto parecia blindado: dinheiro público, demanda crescente, e uma empresa histórica liderando a retomada. Na prática, as demissões levantam preocupações sobre os riscos de execução — e o retorno real desses aportes.
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