Comprar um Tesla virou um risco? Como a polarização política está afetando os consumidores da marca de Elon Musk

Consumidores da Tesla estão enfrentando ameaças e atos de vandalismo por conta da polarização política em torno de Elon Musk

Na madrugada da última quarta-feira (19), uma concessionária da Tesla, montadora da qual Elon Musk é CEO, foi alvo de um ato de vandalismo. Em mais uma ação que visa protestar de alguma maneira contra o empresário sul-africano e membro do governo Donald Trump, os vidros do local foram alvejados por tiros.

Donos de Tesla enfrentam ataques por motivações ideológicas

Em declaração à reportagem da KVAL-TV, canal de TV do Oregon, estado onde aconteceu o ataque, uma consumidora que possui um Tesla expressou sua preocupação: “Eu comprei esse carro porque queria algo ambientalmente amigável, não por causa de Elon Musk. Atacar uma concessionária é mandar a mensagem errada.”

Esse é exatamente o cenário que muitos proprietários de Tesla estão enfrentando atualmente. Adquirir um automóvel da montadora de Musk em alguns locais, como a Califórnia, pode significar se tornar um alvo de vândalos que picham os carros com suásticas ou cometem atos ainda mais graves.

Recentemente, na Califórnia, um grupo de jovens que se classifica como antinazista ameaçou donos de Tesla, deixando mensagens nos veículos: “Ou você vende seu Tesla antes de 12 de fevereiro, ou vamos vandalizá-lo.” Eles também deixam claro que a intenção é fazer com que as pessoas percebam o quão oneroso pode ser adquirir um Tesla. Não pelo preço do carro em si, mas pela possibilidade de algum lunático vandalizá-lo.

Tesla

O impacto das posições políticas de Elon Musk

Elon Musk

Evidentemente, as decisões de carreira e vida de Musk têm relação com esses ataques. Não se trata de julgar se suas falas ou atos são corretos ou não, mas de reconhecer seu ímpeto transloucado de atuar como um agente político.

Há tempos Elon Musk deixou de ser apenas um empresário do mundo da tecnologia. Ele é um dos personagens centrais da polarização que ele mesmo ajuda a alimentar — e parece gostar bastante disso. Se isso é positivo ou negativo, cabe a cada um avaliar. Mas é fato que suas novas ideias para o X ou para a Tesla, por exemplo, não são mais discutidas apenas pelo mérito se são boas ou não. Elas são acompanhadas de bajulação ou repúdio baseadas no viés político de quem as comenta. Isso gera uma cegueira instantânea.

O consumidor penalizado

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Punir consumidores que apenas escolheram um automóvel da Tesla é uma canalhice sem tamanho. Já vimos episódios semelhantes no passado. Quem não se lembra dos Black Blocs depredando estabelecimentos no Brasil anos atrás? Pessoas pagando individualmente pelo modo como outros decidiram manifestar seu repúdio.

Nas redes sociais, a convocação para atos contra a Tesla está se espalhando. Já existe até um site oficial, o Tesla Take Down. Segundo o site, a ideia central é convencer as pessoas a venderem seus Teslas e se desfazerem das ações da montadora. “Parar Musk ajudará a salvar vidas e nossa democracia”, afirma a mensagem na página inicial.

Um dos grandes poderes do consumidor no mercado é a liberdade de escolha. Ele pode comprar e se desfazer de um produto quando quiser. Isso é absolutamente legítimo, assim como a decisão da cantora Sherley Crown de vender seu Tesla. O que não pode ser aceito é um terceiro querer vandalizar um produto que alguém escolheu comprar, muitas vezes sem qualquer relação com admiração por Elon Musk, mas apenas por questões de preferência por um produto. Assim como muitas pessoas continuam assistindo a determinados filmes ou ouvindo certas músicas, independentemente das polêmicas envolvendo seus criadores.

Não caia na ilusão de que Elon Musk defende a liberdade de expressão de forma irrestrita. Principalmente quando isso pode impactar os interesses de suas empresas. Na China, a Tesla processou vários veículos de comunicação e blogueiros que escreveram artigos críticos à montadora. A empresa também vem tomando medidas contra consumidores que reclamam de falhas nos veículos ou acidentes supostamente causados por defeitos nos carros.

Segundo a Associated Press, a Tesla tem um histórico extenso de vitórias na Justiça chinesa contra consumidores, decisões que nem sempre estão alinhadas com a qualidade dos argumentos apresentados, mas sim com a forte relação de Musk com o governo chinês. No ano passado, pela primeira vez, os carros da Tesla foram incluídos em uma lista de compras do governo chinês. Atualmente, a China é o segundo maior mercado da Tesla.

O real impacto desses protestos na Tesla

Em termos mais amplos, protestos como esse dificilmente terão um impacto significativo na Tesla a ponto de provocar mudanças reais. Talvez causem uma queda momentânea nas vendas ou uma flutuação nas ações, mas nada que abale a empresa, ainda mais com Musk atuando como um dos principais aliados do presidente dos Estados Unidos. A penalização acaba recaindo diretamente sobre quem apenas escolheu comprar um produto.

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Editor-chefe no Hardware.com.br/GameVicio Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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