Foguete da SpaceX cai no interior do Paraná

Por: Pablo Nogueira

Na última quarta-feira (16), um morador de São Mateus do Sul, cidade do Paraná, encontrou um pedaço do foguete Falcon 9, da SpaceX, empresa de Elon Musk.

O Morador encontrou “um estranho objeto de metal retorcido” em sua propriedade na zona rural da pequena cidade, que fica na fronteira entre os Estados do Paraná e Santa Catarina.

Segundo a BRAMON (Brazilian Meteor Observation Network, ou Rede Brasileira de Observação de Meteoros), o objeto, ao que tudo indica, é um pedaço do foguete Falcon 9, da SpaceX, visto reentrando no céu do Paraná na terça-feira da semana passada, dia 8. 

 

Quando houve essa passagem do foguete pelo céu da cidade, muitos moradores assustados pelos fortes sons e pela imagem do percurso do foguete, chamando-o “bola de fogo”.

A “bola de fogo” que passou pelos céus do Paraná e de Santa Catarina se tratava do foguete da SpaceX.

O portal de notícias RDX, da região sul do Paraná, teve acesso exclusivo ao fragmento do foguete da SpaceX ao visitar a propriedade do mecânico João Ricardo Pacheco Portes.

Em entrevista. João Ricardo, mecânico que também trabalha com erva-mate, encontrou o pedaço do foguete enquanto caminhava pela propriedade da família, que fica em Água Suja, na zona rural de São Mateus do Sul.

“No começo pensei que fosse uma barraca”, afirmou João Ricardo sobre o foguete da SpaceX.

Você pode conferir o depoimento de João Ricardo no vídeo abaixo:

Sobre o foguete

A BRAMON afirma que o lixo espacial que caiu na propriedade de João Ricardo era o segundo estágio do Falcon 9.

A SpaceX lançou o foguete — que eventualmente chegaria ao paraná — em 19 de dezembro do ano passado, na Base da NASA em Cabo Canaveral, na Flórida.

O foguete levava o Satélite Geoestacionário Turksat 5B à órbita da Terra.

Lançamento do foguete Falcon 9 com o Turksat à bordo.

Esse equipamento é da Airbus Defense and Space, desenvolvido na França, mas de propriedade da operadora Turksat, da Turquia.

O satélite tem fins militares e comerciais, e após sua entrada na órbita, cumprindo, portanto, a missão da SpaceX, o foguete Falcon 9 permaneceu em órbita da Terra até o dia 8, quando foi vista a “bola de fogo” no Paraná.

A reentrada do foguete da SpaceX aconteceu às 04:36 da madrugada, passando pelos céus de Santa Catarina e Paraná.

Como identificaram o objeto que caiu no Paraná como foguete da SpaceX?

De acordo com a BRAMON, João Ricardo já havia presumido que objeto era de um foguete. Aliás, quando houve a “bola de fogo”, uma semana antes, Carlos Rutz, astrônomo do Observatório Nacional, afirmou ser de fato um foguete Falcon 9. 

De acordo com Rutz, o foguete foi lançado no dia 19 de dezembro do ano passado, com o fim de levar satélites Starlink ao espaço, a bordo de foguetes da SpaceX, para realizar o plano de Elon Musk de levar Internet para todos.

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Essa explicação contraria o que a BRAMON afirmou, mas o vídeo de lançamento no canal oficial da Tesla refuta o que Lutz disse:

Portanto, como astrônomo já havia esclarecido o que seria o fenômeno bola de fogo, o Sr. João Ricardo tinha evidências suficientes para crer que aquilo de fato seria um foguete da SpaceX.

Além disso, outro fato, de acordo com a BRAMON, reforçava a possibilidade: o local onde o foguete da SpaceX caiu.

A BRAMON, em seguida, analisou as imagens do foguete e constatou que a cidade fica “praticamente abaixo da reentrada observada na semana anterior”.

A instituição científica, no entanto, notou algo estranho no material, que aparentava ser grande e feito de um material muito fino.

Assim, seria mais difícil para o foguete “resistir a passagem atmosférica”, pois a maioria dos foguetes são feitos com liga de alumínio.

Liga de alumínio e tamanho da tubeira reforçam identificação do foguete da SpaceX

A liga de alumínio, de acordo com a BRAMON, “além de ser mais leve, garante que será completamente vaporizado na reentrada”,

“Além disso, o Portal RDX informa que o objeto tem cerca de 4 metros de comprimento, o que também é compatível com a tubeira do Merlin 1D”.

Semelhança entre a tubeira do segundo estágio do Falcon 9 (acima) e o objeto encontrado em São Mateus do Sul (abaixo). Créditos: Jocimar Justino/BRAMON

A tubeira Merlin 1D tem pouco mais de 3 metros de comprimento(antes de ser destroçado por uma reentrada atmosférica)

Ainda sobre a identificação do objeto, a Bramon cita mais um ponto importante: o fato da tubeira ser feita de uma liga de nióbio e titânio.

Com essa estrutura, a tubeira ganha uma “resistência adicional às altas temperaturas, o que explicaria o fato dela ter resistido à reentrada atmosférica”.

Tubeira do motor Merlin 1D Vacuum na fábrica da SpaceX. Créditos: SpaceX

“Embora seja necessária uma análise in loco para uma conclusão definitiva, a BRAMON acredita que, somados todos esses fatores, existe uma enorme possibilidade que o objeto encontrado pelo Sr. João Ricardo seja, de fato, a tubeira do motor Merlin 1D do foguete Falcon-9 da SpaceX que reentrou em nossa atmosfera no último dia 8 de março.”

Qual será o futuro do foguete?

João ricardo, que encontrou a parte do foguete da SpaceX em sua propriedade no interior do Paraná, afirmou em depoimento que não tocou — e nem tocará — no objeto até que as autoridades analisem o material.

O morador posa ao lado do lixo espacial que encontrou em sua propriedade. Créditos: Portal RDX

Aliás, a decisão do mecânico paranaense é bastante prudente. Segundo acordos internacionais que o Brasil é signatário, a propriedade sobre o lixo espacial caído na Terra sempre é do seu proprietário original.

Portanto, embora o foguete tenha caído na propriedade privada no interior do paraná, ele ainda pertence à SpaceX. A empresa de Elon Musk, desse modo, é responsável pela remoção do objeto e por arcar com quaisquer possíveis prejuízos relacionados à queda.

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