O Windows 95 completa 30 anos nesta semana, marcando três décadas desde que a Microsoft transformou não apenas a computação pessoal, mas também a cultura pop mundial. Lançado em 24 de agosto de 1995, o sistema operacional provocou um fenômeno raramente visto no mundo da tecnologia: filas que dobravam quarteirões em lojas à meia-noite, uma campanha publicitária multimilionária com os Rolling Stones, e a primeira vez que um software se tornou assunto nos jornais e conversas do dia a dia.
Para muitos brasileiros que viveram aquela época, o Windows 95 representou o momento em que os computadores deixaram de ser ferramentas exclusivas de profissionais especializados e empresas para se tornarem objetos de desejo nas casas de classe média. A interface gráfica amigável e o icônico botão Iniciar – que usamos até hoje – democratizaram o acesso à informática em uma época em que o Brasil começava sua própria revolução digital.
O impacto do Windows 95 foi tão significativo que a Microsoft investiu cerca de US$ 300 milhões apenas em marketing, incluindo a aquisição dos direitos da música “Start Me Up” dos Rolling Stones – uma referência direta ao novo botão Iniciar. A estratégia funcionou: no primeiro dia de vendas, o sistema gerou US$ 720 milhões em receita, e em apenas quatro dias, um milhão de cópias já haviam sido comercializadas mundialmente.
Para entender a dimensão desse fenômeno, basta lembrar que o sistema custava US$ 209 na época (cerca de US$ 400 em valores atuais), um investimento considerável para a maioria dos consumidores. No Brasil, onde os preços eram ainda mais elevados devido a impostos e importação, ter o Windows 95 original era praticamente um artigo de luxo, o que não impediu seu sucesso e, inevitavelmente, a proliferação de cópias não autorizadas.
Um sistema que transformou nossa relação com a tecnologia
O que fez do Windows 95 um marco tão importante foi sua capacidade de unificar o MS-DOS e o Windows em um único produto, oferecendo uma experiência mais coesa. Além do famoso botão Iniciar, o sistema introduziu inovações que ainda fazem parte da computação moderna: multitarefa preemptiva de 32 bits, barra de tarefas, suporte a nomes longos de arquivos e tecnologia plug and play para reconhecimento automático de hardware.
Os requisitos técnicos da época parecem risíveis hoje: processador Intel 386DX, 4MB de memória RAM, monitor VGA e 55MB de espaço em disco para instalação. Para ter uma ideia comparativa, isso é menos memória que um único aplicativo básico de smartphone consome atualmente. A Microsoft recomendava configurações um pouco melhores para aproveitar todos os recursos: um processador 486, 8MB de RAM e um monitor SVGA.
Em apenas um ano após o lançamento, a Microsoft comemorou a marca de 40 milhões de unidades vendidas globalmente, contando com 400 fabricantes de PCs parceiros e mais de 4.400 aplicativos compatíveis. Essa rápida adoção criou um ecossistema que impulsionou a indústria de software como um todo. No Brasil, o sistema ajudou a popularizar os primeiros provedores de internet discada, como o finado UOL Disquete, e fomentou o mercado nacional de desenvolvimento de software.
Interessante notar que o Windows 95 também abriu caminho para a revolução dos jogos em PC. Dez dos 11 principais publicadores dos 20 jogos mais populares da época rapidamente adotaram o novo sistema como plataforma. Para muitos brasileiros, foi com o Windows 95 que tiveram seus primeiros contatos com games digitais além dos consoles, em uma época que antecedeu as lojas digitais e downloads.
Curiosamente, para quem sente nostalgia ou nunca conheceu esta peça fundamental da história da computação, é possível experimentar o Windows 95 original hoje através de máquinas virtuais online, como o projeto PCjs Machines, que preserva esse e outros sistemas históricos para as novas gerações.
O legado do Windows 95 transcende números de vendas ou especificações técnicas – ele mudou fundamentalmente como pessoas comuns se relacionam com a tecnologia. A interface que parecia revolucionária há três décadas estabeleceu padrões tão sólidos que ainda influenciam o design de sistemas operacionais modernos, provando que algumas inovações realmente resistem ao teste do tempo.
Fonte: Tom’s Hardware
