O Windows 8 é uma aposta ambiciosa para a Microsoft: criar um sistema operacional que possa ser usado em diversos tipos de dispositivos, de desktops a tablets e ainda por cima multiplataforma, rodando tanto em processadores x86 quanto ARM.
Para que isso funcione, a Microsoft está implantando vários elementos de interface e funcionalidade típicos dos smartphones, como no caso da nova interface e dos aplicativos metro e agora de uma série de mudanças (a maior parte delas positivas) em relação a como o sistema utiliza conexões móveis.
Em resumo, no Windows 7 ou anteriores as conexões móveis são tratadas como cidadãs de segunda classe. Além de drivers você precisa geralmente instalar algum aplicativo da operadora para gerenciar a conexão e o consumo de dados e o sistema simplesmente faz uso da conexão como se fosse qualquer outra (iniciando gigantescos downloads de atualizações nos horários mais inoportunos e tudo mais), sem levar em conta a quota de dados e outros fatores.
Este sistema pode ser tolerável nos PCs, mas certamente seria um ponto de contenda nos tablets, onde os usuários esperam um sistema mais esperto em relação ao uso da banda. Isso levou a Microsoft a criar um novo modelo de interface, o Mobile Broadband Interface Model (MBIM), que permite ao sistema interfacear diretamente com qualquer chip ou adaptador WAN suportado plugado no sistema, sem necessidade do uso de aplicativos de terceiros. Detalhes como ativar ou desativar o transmissor passam a ser também gerenciados diretamente pelo sistema, assim como no caso das interfaces Wi-Fi e Bluetooth. Existe agora até um modo avião, que também desativa a interface WAN.
As interfaces Wi-Fi e Ethernet passam a ser priorizadas sobre as conexões móveis, permitindo que o sistema chaveie para a rede Wi-Fi ou cabeada assim que elas estiverem disponíveis, sem que você precise alterar a conexão manualmente. O sistema passa a integrar também ferramentas para monitorar o uso de dados e até uma função para reduzir o uso de dados, que altera a configuração de vários aplicativos, fazendo com que vídeos via streaming sejam mostrados em LQ, desativando atualizações automáticas e assim por diante:
As operadoras podem também oferecer aplicativos metro, que podem ser baixados automaticamente da Windows Store, oferecendo funcionalidades adicionais diversas (uso de banda, opções para mudar o plano, etc.)
Muitas destas opções estarão disponíveis também para as redes Wi-Fi, permitindo monitorar e limitar o uso de banda em conexões com quota de tráfego ou muito lentas. Mesmo o gerenciador de tarefas foi modificado para mostrar também o uso da rede, junto com as outras informações:
Por um lado estas modificações são largamente positivas, já que o uso de conexões móveis em portáteis (especialmente em tablets e netbooks) é cada vez mais comum, exigindo adaptação por parte do sistema operacional. Por outro lado, estas modificações expõem uma realidade cruel a respeito do Windows 8: a “smartphonização” dos sistemas operacionais para PCs, que daqui em diante tenderão a ser cada vez mais fechados e automatizados, dificultando ou até mesmo impedindo que o usuário entenda o que se passa nas entranhas do sistema.