A Arm Holding tomou uma decisão recente que pode impactar profundamente o mercado de chips e laptops de alto desempenho. Essa decisão foi a de cancelar um acordo de licença grandioso com a Qualcomm, algo que acabou reacendendo uma batalha que teve início lá em 2022.
O contrato é o que permite à Qualcomm usar a propriedade intelectual da Arm para projetar chips, e acabou acontecendo em um momento bem crítico para as duas empresas. Confira mais detalhes sobre o assunto!
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Origem da disputa e consequências
O desentendimento entre as duas empresas começou quando a Qualcomm adquiriu a Nuvia, uma startup especializada em chips de alto desempenho. A Arm alega que a Qualcomm não renegociou os termos da licença após essa aquisição, violando o acordo.
Segundo a Arm, os chips desenvolvidos pela Nuvia, e agora parte do projeto de laptops Copilot+ da Microsoft, são descendentes diretos da sua arquitetura. A empresa britânica, que é majoritariamente controlada pelo grupo japonês SoftBank, afirma que essa tecnologia não pode ser usada sem a devida licença.
A Arm, que licencia suas tecnologias para diversas empresas ao redor do mundo, acredita que a Qualcomm está utilizando suas patentes sem compensação adequada, justificando assim o cancelamento do acordo. Esse possível rompimento coloca em risco um dos maiores projetos estratégicos da Qualcomm e pode forçar a interrupção de entregas de novos dispositivos baseados nesses chips.
E embora ainda não tenha sido concretizada, a ameaça já gerou consequências. Segundo relatórios da Bloomberg, a Arm notificou a Qualcomm com um aviso prévio de 60 dias, comunicando a intenção de encerrar o contrato. O impacto foi imediato: as ações da Qualcomm caíram mais de 5% nas negociações pré-mercado, enquanto as da Arm caíram cerca de 2%.
A resposta da Qualcomm
A Qualcomm falou um pouco sobre a situação através de um porta-voz, que comentou as alegações da Arm, afirmando que o cancelamento do contrato é parte de uma estratégia “infundada” para aumentar taxas de royalties e pressionar um parceiro de longa data.
Em um comunicado enviado por e-mail, o porta-voz da empresa também destacou que a Arm está tentando interferir no desempenho de seus processadores líderes de mercado. A Qualcomm também vê a manobra da Arm como uma tentativa de interromper o processo legal em andamento, que tem seu julgamento marcado para dezembro, no tribunal federal de Delaware.
A empresa americana demonstra confiança de que seus direitos sobre a licença arquitetônica serão mantidos no julgamento. Se a Qualcomm vencer o litígio, o acordo original com a Arm será reafirmado, permitindo à empresa continuar desenvolvendo chips baseados nas tecnologias da Arm.
O que está em jogo?
A disputa entre Arm e Qualcomm não é apenas uma briga entre duas gigantes da tecnologia, mas pode ter implicações significativas para a indústria como um todo. Caso a Arm vença o litígio, a Qualcomm e cerca de 20 de seus parceiros, incluindo a Microsoft, poderiam ser forçados a interromper o envio de novos laptops baseados nos chips desenvolvidos a partir da tecnologia Nuvia. Isso também representaria um retrocesso enorme para a Qualcomm, que investiu pesado na aquisição da Nuvia como parte de sua estratégia de expansão no mercado de computadores.
Além disso, um resultado desfavorável para a Qualcomm poderia acabar aumentando os custos de licenciamento para outras empresas que dependem das arquiteturas da Arm, possivelmente mudando o equilíbrio de poder no mercado de semicondutores. A Arm, por sua vez, teria consolidada sua posição como fornecedora crucial de propriedade intelectual para fabricantes de chips ao redor do mundo.
Expectativa de acordo
Apesar da batalha legal que se aproxima, alguns analistas acreditam que um acordo pode ser alcançado antes do início do julgamento. Isso ocorre porque tanto a Arm quanto a Qualcomm dependem uma da outra para continuar gerando receita e lucro.
A Qualcomm é uma das principais clientes da Arm, utilizando suas tecnologias em uma vasta gama de produtos, enquanto a Arm se beneficia dos royalties gerados por essas licenças.
Um acordo poderia resolver as tensões e permitir que ambas as empresas continuassem a desenvolver inovações tecnológicas sem o risco de interrupções de mercado. No entanto, até que isso ocorra, o mundo estará de olho nas próximas movimentações entre as duas gigantes do mercado tecnológico.
Fonte: reuters
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