A pressão que ocorreu do setor produtivo brasileiro sobre o governo para avançar mais rápido a tributação sobre plataformas chinesas como Shein e Aliexpress, ocorre também em outro setor: o automotivo. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) exige uma revisão imediata da alíquota de imposto sobre carros elétricos chineses.
A ação vem em meio ao crescimento da BYD no mercado nacional, e a própria participação geral de carros chineses no Brasil. Segundo a Anfravea, a participação da China na venda de carros no Brasil saltou de 7% no primeiro semestre de 2023 para 26% no primeiro semestre de 2024.
Imposto já aumentou, mas não é suficiente, segundo a Anfavea
Os veículos elétricos e híbridos tinham até junho uma alíquota de 10% e 12%, respectivamente. A partir do dia 1 de julho, os valores foram ajustados para 25% para híbridos leves e plenos, 20% para plug-ins e 18% para elétricos.
Esse aumento, segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, não é suficiente para assegurar a competitividade justa.
“Continuamos reféns das importações. Elas atacam a nossa competitividade, agora e no futuro. Se o Brasil quiser ter um olhar à frente, ser um grande competidor, precisamos analisar as importações com viés de preocupação. Com este volume crescente hoje é um risco para nossa indústria”, declarou Leite ao portal AutoData.
A organização pleiteia uma alíquota de 35%, que já foi estipulada pelo Governo Federal, mas que só deve entrar em vigor em 2026.
Em coletiva da imprensa realizada na última sexta-feira (05), o presidente da Anfavea cobrou mais imediatismo em relação a essa questão:
“Se o Brasil não rever isto imediatamente, nós coremos o risco de ter a produção impactada, inclusive com o fechamento de fábricas já no segundo semestre, alertou o executivo.
Ciro Possobom, CEO da Volkswagen no Brasil, foi na mesma linha: “O que a gente pede claramente é voltar isso [imposto para eletrificados importados] para 35% e estimular a indústria local. Eu acho que isso é interesse para todos os brasileiros, completou.
82% das importações são de veículos chineses
Nos cinco primeiros meses de 2024, o Brasil registou um aumento de 38% nas importações de veículos, em relação ao mesmo período de 2023. Desse montante, 82% são modelos de origem chinesa.
A BYD, por exemplo, espera fechar este ano com 120 mil carros vendidos no Brasil em 2024, mesmo sem ter iniciado ainda a produção local.
Segundo a Associação Brasileira de Veículos Eletrificados (ABVE), o BYD Song Plus liderou o ranking de vendas dos modelos eletrificados com 10.038 unidades, entre janeiro e junho deste ano.
Medidas protecionistas são ineficazes, diz Abeifa
A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) adotou um discuso contrário ao da Anfavea.
A entidade afirma que medidas protecionistas são ineficazes e prejudiciais a toda cadeia automotiva, em especial ao Brasil.