O Pix se consolidou como um divisor de águas na economia brasileira ao proporcionar uma economia impressionante de R$ 106,7 bilhões para empresas e consumidores desde sua implementação em 2020. A informação vem de um levantamento realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), organização que reúne empresários e representantes da sociedade civil para discutir temas econômicos relevantes para o país.
O sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central revolucionou as transações financeiras no Brasil, eliminando custos operacionais significativos que estavam presentes nos métodos tradicionais como TED, DOC e boletos bancários.
Apenas no primeiro semestre de 2024, a economia gerada pelo Pix alcançou R$ 18,9 bilhões, superando os R$ 15,3 bilhões economizados no mesmo período de 2023. Este valor representa quase quatro vezes mais do que o registrado no primeiro semestre de 2021, quando a economia foi de R$ 4,9 bilhões. A tendência de crescimento é tão expressiva que, segundo as projeções do estudo, a economia anual poderá atingir R$ 40,1 bilhões até 2030.
A democratização das transações financeiras
Antes do Pix, o cenário de pagamentos no Brasil era marcado por altas taxas, horários restritos de funcionamento e procedimentos burocráticos. A ferramenta do Banco Central surgiu justamente para democratizar o acesso aos serviços financeiros, criando uma infraestrutura pública que estimula a competição e permite a entrada de novos players no mercado, como fintechs e instituições financeiras de menor porte.
O sistema se diferencia por oferecer liquidação em tempo real, disponibilidade 24 horas por dia durante os sete dias da semana, baixo custo operacional e uma interface simplificada. Além disso, sua capacidade de integração com novos modelos de negócio, incluindo APIs e códigos QR, contribuiu significativamente para sua rápida adoção em todo o território nacional.
A ferramenta rapidamente ultrapassou o volume de TEDs e DOCs, tornando-se o meio de pagamento com maior número de transações no Brasil. Em 2024, foram registradas 63,8 bilhões de operações via Pix, um aumento de 52% em comparação ao ano anterior, confirmando sua ampla aceitação tanto por pessoas físicas quanto por empresas de todos os portes.
Impactos na formalização e competitividade
De acordo com a avaliação dos empresários que compõem o MBC, o Pix também tem contribuído para a formalização dos trabalhadores brasileiros. Isso ocorre porque o sistema reduz a circulação de papel-moeda e exige que os usuários estejam vinculados a uma conta bancária ou instituição de pagamento, incentivando a inclusão financeira e a formalização das relações de trabalho.
O estudo destaca ainda que a ferramenta promove maior competitividade no mercado ao aumentar a eficiência das transações bancárias e contribuir para a redução expressiva dos custos operacionais. As taxas associadas ao Pix são significativamente inferiores às cobradas em DOCs e TEDs, o que reduz o chamado “custo burocrático financeiro” que historicamente onerava empresas brasileiras.
Os especialistas fazem uma ressalva quanto à centralização das operações no Banco Central. Segundo eles, embora essa centralização garanta universalização, isonomia e velocidade nas transações, pode eventualmente comprometer a robustez do processo decisório a longo prazo. “À luz de sua relevância crescente, torna-se cada vez mais necessário promover uma reflexão estruturada sobre o aprimoramento de seu modelo de governança, com vistas a assegurar sua sustentabilidade, resiliência e alinhamento com as melhores práticas internacionais”, afirma o documento.
Para os próximos anos, a expectativa é que o Pix continue evoluindo com a implementação de novas funcionalidades, mantendo seu papel fundamental na modernização do sistema financeiro brasileiro e na redução de custos para toda a cadeia econômica do país.