Opera usará WebKit até nos desktops

Em janeiro foi divulgado o Opera ICE, uma versão do Opera com o motor WebKit no lugar do proprietário Presto. Ele seria um navegador diferente para tablets, tendo versões para iOS e Android. O vídeo do Pocket-Lint com a apresentação do navegador foi removido do YouTube a pedido da Opera, mas a empresa confirma que o Ice é oficial e vai além: o navegador Opera usará o motor WebKit também nos desktops.

O WebKit tem suas origens no KDE por meio do KHTML. A Apple investiu numa espécie de fork do projeto para seu navegador Safari. Depois o código foi reincorporado à comunidade open source. De lá para cá muitas outras empresas passaram a aproveitar o código e também a melhorá-lo, sendo o Google um dos maiores exemplos, com o Chrome. Como o motor é open source, qualquer um pode acessar seu código e melhorá-lo. Agora a Opera entra para a jogada, já tendo enviado inclusive alguns patches para o layout de múltiplas colunas.

A transição do motor proprietário do Opera para o WebKit será gradual. Com isso os desenvolvedores poderão trabalhar melhor na interface e em recursos diversos do navegador, sem se preocupar tanto com a compatibilidade com os padrões web, visto que o WebKit já está bem avançado.

Se por um lado a perda de um motor próprio pode ser prejudicial (talvez não tanto, era fechado e pouco usado…), por outro ela poderá trazer benefícios a todos. Com mais gente trabalhando no WebKit ele tende a ser melhorado cada vez mais, tendo assim bugs resolvidos mais rapidamente. É de se esperar também uma adoção acelerada dos novos padrões da web, muitos ainda em estudo.

Muitos comparam o domínio do WebKit com o do Internet Explorer no passado, mas há algumas coisas radicalmente diferentes. Primeiro, o IE só existia para Windows (e Mac, bem antigamente), enquanto que o WebKit equipa navegadores para diversas plataformas. Há vários projetos paralelos e agora teremos o Opera também. Segundo que o IE era (e ainda é) proprietário: só a Microsoft podia alterá-lo, o que estagnava o desenvolvimento dos padrões da web com seu domínio de mais de 90%, e por muitos anos incentivou o uso de tecnologias hoje consideradas ruins, como plugins. Com o WebKit não há um controle “central”: forks podem ser criados, e na melhor das hipóteses o projeto principal recebe colaborações de diversas fontes. Entre as fontes estão grandes empresas como Google e Apple, desenvolvedores independentes de navegadores pequenos e entusiastas, e agora do pessoal da Opera Software. O WebKit deverá crescer ainda mais, e aparentemente não ameaça tornar a web pior justamente por não ficar preso a apenas um fornecedor de software.

O que pode preocupar é a falta de um concorrente no mercado, que queira ou não participava da corrida por oferecer melhor desempenho. Aparentemente a baixa participação do Opera não será tão impactante. Seria bem pior se a troca do motor nativo pelo WebKit fosse anunciada pela Mozilla, por exemplo.

Quem sabe usando WebKit a participação da Opera no ramo de navegadores finalmente cresça. A empresa comemora a marca de 300 milhões de usuários incluindo todas as plataformas, o que ainda é bem pouco perto da fatia do IE, Chrome, Firefox e Safari.

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