OpenAI ergue megacomplexo no Texas com potência para redesenhar o mapa da infraestrutura global de IA

A OpenAI está construindo um dos maiores data centers do mundo no Texas, com potência estimada de 1 GW até 2026 — e isso pode comprometer a estabilidade energética da região.

O que a OpenAI está construindo no Texas não é apenas um data center. É uma infraestrutura energética do tamanho de uma cidade de médio porte. Com 300 megawatts (MW) já em operação e previsão de atingir a marca inédita de 1 gigawatt até 2026, o projeto representa uma mudança de escala na corrida global por poder computacional para inteligência artificial.

Segundo um relatório técnico da SemiAnalysis, o local já abriga centenas de milhares de GPUs dedicadas ao treinamento de modelos de IA. Embora a empresa mantenha sigilo sobre os chips utilizados, a dimensão física do complexo fala por si: são 210 subestações de resfriamento a ar e uma enorme subestação principal construída sob medida para sustentar a operação.

A comparação com o Colossus, data center da xAI (de Elon Musk) que também fica no Texas, é inevitável. Enquanto o centro da xAI consome cerca de 250 MW para alimentar 200 mil GPUs, a OpenAI já ultrapassou essa carga e deve dobrá-la nos próximos meses, com a construção de um segundo edifício gêmeo iniciada em janeiro de 2025.

Ameaça invisível: IA coloca rede elétrica do Texas no limite

Mas essa expansão impressionante vem acompanhada de um alerta. O Electric Reliability Council of Texas (ERCOT), órgão que gerencia a rede elétrica do estado, já demonstrou preocupação com o impacto de data centers desse porte.

O problema vai além da demanda total de energia. O que realmente assusta os engenheiros é o comportamento errático dos centros voltados para IA: o consumo pode disparar ou despencar em questão de segundos, dependendo da carga de processamento. Essa volatilidade cria riscos reais para a estabilidade do sistema.

O risco dos “apagões sincronizados” e falhas em cascata

OpenAI

Imagine a seguinte situação: um super data center como o da OpenAI reduz sua carga abruptamente após concluir uma tarefa de IA pesada. Esse pico negativo pode gerar um efeito dominó, forçando outras usinas ou consumidores a se ajustarem em segundos. Se o sistema não responder a tempo, há chance de colapsos locais que podem se transformar em apagões regionais.

Além disso, o crescimento acelerado dessas estruturas está superando a capacidade dos estudos técnicos de integração à rede. Esses estudos, normalmente conduzidos por autoridades de planejamento, visam prever o impacto sobre linhas de transmissão e usuários industriais — mas não conseguem acompanhar o ritmo das construções.

Bilhões em infraestrutura, retorno incerto e pressão por velocidade

Outro dilema está no bolso das companhias elétricas. Para atender à nova geração de data centers voltados à IA, será preciso investir bilhões em reforços de rede, linhas de alta tensão, armazenamento e estabilidade. O problema? O retorno financeiro nem sempre é garantido.

Como prever a demanda futura de empresas que operam em ciclos curtos de crescimento e pivotagem? E se o projeto for descontinuado ou substituído por nova tecnologia? Para muitas concessionárias, o risco é alto — mas a urgência em evitar colapsos pode forçar ações imediatas, mesmo sem garantias de retorno.

Corrida por poder computacional expõe um novo gargalo: o da energia

A busca desenfreada por capacidade de processamento está redesenhando o mapa da infraestrutura digital global — e colocando pressão sobre um recurso que parecia garantido: eletricidade estável.

O Texas já teve seu histórico de apagões nos últimos anos, especialmente durante eventos climáticos extremos. Agora, enfrenta um novo tipo de desafio: lidar com a demanda explosiva, instável e concentrada dos maiores datacenters da história.

A OpenAI lidera essa transformação, mas outras gigantes da tecnologia seguem pelo mesmo caminho. E a pergunta que paira no ar é simples, porém urgente: será que nossas redes estão prontas para o futuro da inteligência artificial?

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Editor-chefe no Hardware.com.br/GameVicio Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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