Ontem (13), quarta-feira, a Netflix anunciou uma parceria com a Microsoft para lançar um plano de assinatura mais barato, mas que contará com anúncios durante a exibição do conteúdo.
A Netflix anunciou o plano em abril deste ano, afirmando que a novidade seria um adicional aos planos de assinatura existentes, que, obviamente, não possuem anúncios.
Contudo, a Netflix ainda não revelou o preço desse “adicional”, embora seja uma forma de lidar com a perda de usuários. Pela primeira vez em mais de uma década, a Netflix perdeu assinantes.
Entre os meses de janeiro e março, a Netflix perdeu 200 mil assinantes. Essa ‘tragédia’ contrariou a previsão de analistas que estimavam que a plataforma ganharia 2,5 milhões de assinaturas.
Agora, analogamente, a Netflix espera uma perda de quase dois milhões de assinantes entre os meses de abril e junho.
Aliás, a perda de assinantes causou uma demissão massiva de funcionários em todos os países onde o serviço de streaming está disponível.
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Desse modo, de acordo com a Netflix, a escolha da Microsoft para a parceria se baseia na capacidade tecnológica por parte da gigante do Windows em publicidade.
“A Microsoft possui a capacidade comprovada de atender todas as nossas necessidades em termos de tecnologia publicitária enquanto trabalhamos em conjunto para desenvolver um novo plano de assinatura baseado em anúncios. O mais importante ainda, além disso, é que a Microsoft oferece ao longo do tempo a flexibilidade para inovar tanto na tecnologia quanto no lado comercial, bem como fornece fortes proteções de privacidade aos nossos assinantes”, diz o comunicado da Netflix.
O desenvolvimento do novo plano de assinaturas ainda está nos estágios iniciais, de acordo com o Diretor de Operações da Netflix, Greg Peters. Peters ressalta haver “muito trabalho” pela frente.
“No entanto, a nossa meta ao longo prazo é óbvia: mais opções de escolha para os consumidores e uma experiência premium, superior ao convencional dos canais de TV, aos anunciantes”, finaliza o COO da Netflix.
Parceria da Netflix com a Microsoft é uma tentativa de enfrentar a concorrência
Antes de escolher a Microsoft, a Netflix procurou outros parceiros, como o Google, a NBCUniversal e a Comcast. Todas três empresas são grandes referências no mercado de anúncios em plataformas de vídeos. As duas primeiras donas dos principais canais de TV dos EUA e entraram no mercado de streaming, enquanto o Google possui o YouTube.
Portanto, a parceria da Netflix com a Microsoft surpreendeu a indústria publicitária. A Microsoft não é famosa por sua capacidade enquanto anunciante em plataforma de vídeos, ao contrário das empresas citadas acima.
Entretanto, além da Microsoft, em 2021, ter adquirido a Xandr, empresa de publicidade digital, um diferencial chamou a atenção da Netflix ao decidir a parceria.
Ao contrário das empresas anteriormente na mira da gigante do streaming, a Microsoft enfatizou que não irá concorrer com a Netflix nesse mercado. A informação saiu no Wall Street Journal, obtida por fontes próximas da negociação da parceria.
Concorrência, afinal de contas, é o maior problema da Netflix, que procura formas de manter sua hegemonia. A Netflix nunca quis implementar anúncios na sua plataforma cujo modelo de negócios gira em torno de assinaturas mensais.
Entretanto, a concorrência exigiu que a empresa tomasse uma atitude, pois é o principal fator por trás da perda de assinantes. Além disso, também há a crise econômica que afeta grande parte do mundo.
Citando apenas alguns serviços disponíveis no Brasil, como Amazon Prime Video, HBO Max, Disney+, Star+, a Netflix enfrenta uma grande concorrência no mercado que anteriormente dominava.
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A resposta para isso é a criação de um plano de assinatura mais barato, que deve chegar no final desse ano, aos moldes do plano gratuito do Spotify.
Por fim, outra pedra no sapato da Netflix é que a empresa precisará de autorização para apresentar anúncios em conteúdos licenciados.