A Netflix passou por um período mais conturbado no ano passado, quando começou a perder assinantes pela primeira vez devido a alta concorrência e outros aspectos como aumento nas mensalidades. Porém, o serviço de streaming continua mostrando sua liderança, anunciando o aumento de usuários globais.
Ao todo foram 1,75 milhões de novos assinantes durante o primeiro trimestre de 2023, revertendo a situação de perda de usuários. No total, a plataforma já conta com 232,5 milhões de assinantes, com um crescimento de 4,9% em relação ao mesmo período no ano passado.
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Esses resultados foram divulgados pela própria empresa em seu relatório fiscal que aconteceu no começo da semana. Apesar de um aumento considerável em relação ao começo de 2022, ele já é mais tímido se comparado com o final do ano passado. No último trimestre de 2022 a plataforma ganhou 7 milhões de novos assinantes, um aumento que foi explicado pela chegada da opção de um plano mais barato com propagandas e também por sucessos de produções originais, como Wandinha.
Porém, as polêmicas em relação ao serviço de streaming continuam, principalmente em relação ao fim do compartilhamento de senhas para pessoas que não vivem na mesma casa. Por isso, mesmo que mais tímido, o crescimento do começo do ano ainda vem como uma boa notícia.
E pode ser que isso mude, já que o maior mercado da empresa, os Estados Unidos, teve o fim de compartilhamento de senhas gratuito adiado, e por isso ainda não mostrou o impacto que a decisão terá por lá e, consequentemente, no relatório geral da Netflix. Somando as regiões do EUA e do Canadá, o crescimento foi modesto, com 100 mil novos assinantes nesse primeiro trimestre.
Enquanto em alguns países a medida tenha sido bem aceita, em outros como na América Latina, houve uma perda de 450 mil usuários nesse período nos países onde ela já está valendo.
Apesar da queda de usuários, a empresa parece cada vez mais focada na receita, e por isso não pretende voltar atrás na decisão, além de estar investindo em seu negócio de publicidade.
Lucro líquido tem uma queda de 18%
Mesmo com o aumento considerável de número de assinantes, a Netflix divulgou que durante o primeiro trimestre de 2023 teve um lucro líquido de US$ 1,3 bilhão. O balanço financeiro revela que embora seja um valor significativo, ainda é menor do que o atingido no mesmo período no ano passado, representando uma queda de 18%.
E essa quantia será ainda menos para o próximo trimestre, de abril a junho, já que a empresa projetou uma quantia de US$ 1,28 bilhão de lucro líquido, um valor menor do que US$ 1,44 bilhão do segundo trimestre do ano passado.
Mas isso tudo é explicado e não é necessariamente um problema. Acontece que a Netflix revelou que essa queda do lucro líquido se dá principalmente porque a empresa está aumentando os seus gastos com produções originais e também no marketing para conseguir atrair mais assinantes. Ou seja, um investimento para ver frutos mais para frente.
Enquanto isso, a receita ainda se mantém alta, atingindo U$ 8,24 bilhões de acordo com a projeção da própria empresa, que mantém sua posição de liderança no mercado.
Fim de uma era. Adeus DVD!
Embora algumas pessoas não saibam, a Netflix surgiu inicialmente como um negócio de aluguel de DVDs, há cerca de 25 anos. E o mais interessante é que mesmo depois de se tornar o sucesso no mercado de plataforma de streaming, a empresa ainda mantinha seu negócio de DVD aberto e funcionando nos Estados Unidos.
Porém, ela está finalmente chegando ao fim. A Netflix anunciou que o serviço de DVD só funcionará até o dia 29 de setembro, e a decisão foi tomada principalmente porque a demanda por alugueis físicos de filmes vem se tornando cada vez mais escassa. Há anos.
Essa parte do negócio de DVDs da empresa teve uma queda de US$ 900 milhões em 2013 para US$ 100 milhões em 2022. O próprio mercado de DVDs vem caindo constantemente, e só nos anos de 2021 e 2022 essa queda foi de 29%.
Ainda assim, é o fim de uma era. A Netflix começou com os alugueis de DVDs em 1998, e desse tempo para cá enviou mais de 5,2 bilhões de filmes para mais de 40 milhões de assinantes. Mas a partir de 2007 ela resolveu começar a oferecer filmes em demanda, o que logo se mostrou uma decisão bem acertada, e em menos de 2 anos se consagrou como a mais popular do segmento.
Taxa de compartilhamento chegará a novos países
Já em relação a polêmica taxa para compartilhamento de senhas, a empresa não parece estar disposta a voltar atrás, pelo contrário. A Netflix já anunciou que vai aumentar o número de países com a restrição, começando com os Estados Unidos, a partir de junho desse ano.
Ainda não se sabe quando essa decisão passará a valer também aqui no Brasil, já que a empresa citou apenas os Estados Unidos nominalmente, porém ela revelou que “outras regiões” também receberão essa novidade no mesmo período, então pode ser que o Brasil esteja na lista ou não.
Com a mudança, será preciso transferir o perfil para outra conta separada ou pagar uma taxa para compartilhamento de senha. Enquanto em alguns países como Canadá, Espanha, Portugal e Nova Zelândia essa limitação tenha sido bem aceita, em outros não. Principalmente na América Latina, em países como o Chile e o Peru, a Netflix teve uma considerável perda de assinantes com cancelamentos de planos, impactando assim o crescimento da plataforma a curto prazo.
Porém, de acordo com a empresa, grande parte desses usuários voltará com perfis novos ou adicionando outras pessoas, então a mudança não será a longo prazo.
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