Mozilla e sua preocupação com a invasão de privacidade das redes de anúncios

A Mozilla publicou uma extensão para o Firefox que ajuda a entender a violação de privacidade que ocorre com as redes de anúncios e rastreamento online em geral. A extensão Collusion exibe graficamente a relação dos sites que podem ser rastreados conforme sua navegação, com base nas redes de publicidade e outras URLs chamadas por todos eles.

Da mesma forma que isso pode ser usado para entregar anúncios relacionados (a rede sabe que você visita sites de determinado tema com frequencia, por exemplo) também pode ser usado para outros fins, tendo consequencias diversas se os dados vazarem ou forem usados para fins mais obscuros.

Basta baixar a extensão no site da Mozilla e começar a verificação. Há um demo interativo que mostra o que ocorre, ele pode ser visualizado independente de ter ou não a extensão:

https://www.mozilla.org/en-US/collusion/demo/

Collusion

Ele começa com os sites New York Times e IMDB, que usam as mesmas redes de publicidade. Como as redes são as mesmas (pelo menos algumas em comum eles têm) elas podem rastrear o comportamento do usuário indiretamente. Na página do demo vá clicando no “click here” e observe.

Exemplo do Collusion

Exemplo depois de acessar meu site, o Hardware.com.br e o iG; As redes de publicidade em comum ficam sabendo que eu visitei os três sites. Embora isso não seja suficiente para me identificar pessoalmente, pode ser determinante para que o sistema defina meus possíveis gostos, exibindo publicidade relacionada ao que costumo acessar, aumentando as chances de cliques e, consequentemente, lucros.

Para testar, depois de instalar a extensão clique no botão dela na barra de extensões (a barra inferior do Firefox) e simplesmente vá navegando em alguns sites, passando pela aba do Collusion a cada site aberto. Se puder exibir a aba dele em outra janela ou em outro monitor, melhor ainda.

A Mozilla tem conseguido um certo sucesso na divulgação do método Do Not Track, usado por cada vez mais navegadores, mas ainda visto com outros olhos pelo Google – afinal o gigante é o líder da publicidade na rede e teria muito a perder com isso. Por meio de uma opção que pode ser ativada ou desativada quando desejado, o navegador pode orientar o servidor web que não é para rastrear o comportamento do usuário. Se determinada rede de anúncios aceitará ou não isso é outra questão, já que não há como implantar uma obrigação formal para tal.

Para dispositivos mobile a Mozilla deseja tornar o Do Not Track uma opção a nível de sistema operacional, começando pelo seu próprio Boot to Gecko.

Na prática é complicado garantir que os sites respeitarão isso. Mesmo que respeitem, de uma forma ou de outra ainda será possível rastrear o usuário sem que o mesmo saiba. O conceito é mais simples do que parece. Se um site A deseja exibir publicidade de uma certa rede (como o Google AdWords, por exemplo, uma das maiores) ele deve incluir um script dela, basicamente algo que chama a URL dela. Com isso a rede fica sabendo qual página a chamou, junto com detalhes que podem ser facilmente capturados – como IP, resolução da tela, sistema operacional, entre outras coisas. Ao acessar o site B que também usa a mesma rede, mesmo que não utilize cookies ou outros meios (supondo respeito ao Do Not Track) a rede ainda teria em mãos o mesmo IP, resolução de tela, sistema operacional, versão do navegador, entre outros dados… Combinando todas estas informações não seria difícil identificar sessões dos usuários, mesmo que por um período de tempo menor do que ao usar cookies, para então exibir publicidade com base no conteúdo dos sites vistos. Esse tipo de privacidade que muitos desejam é algo quase impossível de se conseguir, pelo menos nos dias atuais.

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