Um protesto contra os contratos de computação em nuvem da Microsoft com o governo israelense terminou com 18 prisões no campus da companhia em Redmond, nos Estados Unidos, informa a Associated Press.
Entre os detidos estavam funcionários atuais, ex-colaboradores e apoiadores externos ligados ao movimento “No Tech for Apartheid”, que acusa a empresa de colaborar indiretamente com operações militares e de vigilância contra palestinos.
O que motivou o protesto
A mobilização, organizada por grupos como No Tech for Apartheid e No Azure for Genocide, transformou a área conhecida como East Campus Plaza em uma “zona livre”, batizada de Praça das Crianças Palestinas Mártires.
Cartazes com mensagens como “Microsoft Powers Genocide” (Microsoft impulsiona o genocídio) e encenações simbólicas foram exibidos para chamar atenção ao uso do Project Nimbus, acordo de US$ 1,2 bilhão assinado em 2021 por Microsoft e Google para fornecer infraestrutura de nuvem e ferramentas de inteligência artificial a Israel.
Críticos afirmam que esses recursos podem ser usados em vigilância massiva e operações militares em Gaza e na Cisjordânia.
Histórico de tensão dentro da Microsoft
Esse não é o primeiro embate entre funcionários e a diretoria da empresa. Em 2024, durante o evento de aniversário de 50 anos da Microsoft, dois empregados interromperam discursos de executivos — incluindo o de Mustafa Suleyman, chefe de IA da companhia — exigindo o fim da colaboração com militares israelenses. Ambos acabaram demitidos.
Pouco depois, colaboradores denunciaram que e-mails internos contendo palavras como Palestina, Gaza, genocídio e apartheid estavam sendo bloqueados pelos filtros corporativos.
O que dizem as investigações
Reportagem do The Guardian aponta que a agência de vigilância militar israelense teria utilizado o Azure para armazenar gravações de ligações telefônicas de palestinos. A Microsoft confirmou que abriu uma investigação interna, mas alegou que, até o momento, não encontrou evidências de uso de sua tecnologia para causar danos.
Ainda assim, o caso mantém a empresa sob forte escrutínio público, especialmente em meio à guerra em Gaza e às crescentes críticas globais sobre a responsabilidade ética das Big Techs.