Nesta segunda a Apple apresentou na WWDC 2011 o Mac OS X Lion, iOS 5 e o iCloud, este que vem alimentando rumores há vários meses.
Falando do Lion, em essência as novidades dele já são bem conhecidas por quem acompanha as notícias da maçã. A Apple oficializou alguns rumores também que estavam no ar.
Há cerca de 250 novidades no Lion (com relação ao Snow Leopard). As top 10 chamam mais a atenção e podem fazer valer a pena o upgrade.
Só para recapitular, algumas notícias passadas comentaram justamente dos recursos apresentados com mais detalhes hoje.
- Gestos multitoque no sistema todo: várias apps nativas (e de terceiros, por meio da API) poderão aproveitar melhor o toque com vários dedos. A experiência é interessante nos MacBooks, mas não fica de fora dos desktops com o Magic Trackpad. Voltar no navegador com os dados, arrastando para o lado, é bem mais cômodo do que levar o cursor até o botão de voltar (se bem que existe Backspace :P). No vídeo indicado mais abaixo há uma demonstração bem ampla das possibilidades. Em boa parte dos programas, com destaque para o navegador Safari, a barra de rolagem será virtualmente eliminada – aparecendo só ao usá-la. A rolagem e zoom ficam tão naturais no trackpad como são no iOS.
- Tela cheia: várias aplicações poderão rodar em tela cheia. Por meio de gestos é fácil alternar entre elas. É claro que é possível rodar apps em tela cheia há muito tempo, porém a construção delas exigia uma série de trabalhos extras por parte dos desenvolvedores. Agora como recurso nativo, tudo fica mais fácil para os programas de terceiros.
- Mission Control (imagem na abertura): um centro de controle unificado, reunindo o que há de melhor no Exposé, Dashboard e Spaces. Por um gesto ou atalho único o usuário terá à sua disposição todas as janelas, podendo alternar rapidamente entre elas ou agrupá-las em ambientes de trabalho diferentes.
- Mac App Store: lançada em janeiro e disponível também para o Snow Leopard, ela é um dos grandes destaque da plataforma (há quem não goste, mas não há volta). No Lion ela tem melhorias no sistema de atualização dos aplicativos, que promete ser mais rápido lidando com arquivos menores nas atualizações.
- Launchpad: uma cópia da lista de apps do iOS, agora no Mac. Ele basicamente faz isso, é uma evolução da pasta de aplicativos. O usuário pode organizar as apps movendo-as para outras telas ou pastas, e as apps baixadas pela App Store vão direto para ele.
- Resume: um sistema de congelamento do estado do sistema ou das apps, que lembra a hibernação. Ao desligar e ligar novamente, tudo estará ali, do jeito como foi deixado. Algumas apps sequer perguntarão se o usuário quer salvar o arquivo antes de fechar: simplesmente fecham e, ao reabrir, voltam no estado em que estavam.
- Salvamento automático: as apps nativas salvarão os arquivos automaticamente. Quem não gostar pode desativar para cada documento, acessando um menu pela barra de título da janela. Salvar automaticamente é algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão prático! Isso reflete parte da experiência na web, onde editores em geral e webmails salvam o texto automaticamente. Não é um recurso exatamente novo (vários programas individuais usam, eu uso até no meu editor de texto puro :P), mas é muito bem vindo.
- Versões: o sistema tem uma API nativa de controle de versões. Os aplicativos nativos aproveitarão isso ao máximo. O legal é a interface, bem prática para navegar entre as versões antigas, escolher uma delas como padrão ou apenas copiar textos ou imagens de estados anteriores. É quase como uma ferramenta de backup, mas individual para cada arquivo.
Os arquivos não ficarão tão grandes porque apenas as modificações são salvas (podem ficar grandes com o tempo, ou quando usam muitas imagens). Ao copiar, mover ou enviar pela internet, apenas a versão atual (em uso) será enviada.
- AirDrop: um sistema de compartilhamento de arquivos entre Macs próximos fisicamente, facilitando a troca de arquivos diversos por meio de uma rede ponto-a-ponto automática.
- Mail: o cliente de email foi redesenhado, oferecendo recursos mais da “moda”. Mais espaço para as mensagens, agrupamento de conversas (como no Gmail), busca refinada, entre outras coisas.
Desde o início da Mac App Store (que nem faz tanto tempo assim) as pessoas cogitavam a possibilidade de novas versões do Mac serem vendidas pela própria loja virtual. E isso se concretizou: o Mac OS X Lion só será vendido na Mac App Store. Isso significa que será um upgrade, sem o DVD retail que tinha até o Snow Leopard. Junto com a mobilização da Apple para a “nuvem” e a fábrica de dinheiro que é a App Store, deve ter aí um certo interesse em dificultar a prática do Hackintosh. Afinal, adeus mídia retail, que fornecia um meio simples e prático para instalar o Mac OS X em PCs com componentes parecidos (aos de um Mac) sem precisar de grandes hacks, apenas um carregador de boot e alguns “drivers”. Provavelmente os Hackintoshes não vão desaparecer e o Lion vai rodar bem neles, mas pode acabar a tentativa de se garantir legalmente por ter a mídia original.
Pelo pado positivo, os novos Macs em breve virão com ele, e quem comprar um novo a partir desta semana até a data de lançamento do Lion poderá obter a atualização para ele de graça (com prazo de até 30 dias após a compra para solicitar).
Uma exigência do Lion está a nível de hardware: ele requer um processador Core 2 Duo ou superior, como os i3, i5, i7 ou Xeon, e pelo menos 2 GB de RAM. Alguns modelos anteriores do Mac ou MacBook ficarão de fora.
O upgrade custará $30 e o arquivo de instalação terá cerca de 4 GB – mesmo tamanho de um filme em HD. Nada absurdo para quem tem conexão de mais de 4 Mbps, mas pode ser terrível para velocidades mais lentas, comuns em países como o nosso.
Um grande atrativo para o upgrade é que é permitido instalar as apps baixadas pela App Store em todos os Macs que você possui ou mantém, podendo valer para a família toda pagando uma única vez (bem, com um DVD retail não seria muito diferente, visto que o Mac não tem número serial nem ativação :P).
Uma mudança radical no mundo do Mac com o Lion é a versão Server: em vez de pagar $500 por uma licença do servidor, o custo ficará bem reduzido: apenas $50 para transformar o Lion num servidor baixando o pacote necessário pela App Store. Com isso a Apple pretende ampliar a participação do seu sistema nos servidores. É comum um fã da marca usar vários dos seus produtos, e na hora que precisar de um servidor aproveitar a origem do que já está acostumado em vez de investir no Windows ou Linux. O preço anterior era abusivo para individuais em geral, agora a coisa muda bastante.
O lançamento do OS X Lion será feito em julho. Desenvolvedores cadastrados já podem contar há algum tempo com um preview, tendo acesso antecipado ao sistema.
Há mais detalhes no anúncio. Fãs da maçã não podem deixar de conferir o keynote, vídeo onde as novidades foram expostas na prática e comentadas. No começo fala do OS X, no meio do iOS e no final sobre o iCloud. Acesse aqui o vídeo.
Em meio a tanta coisa positiva, não poderia faltar uma crítica: a Apple insiste em padrões abertos para a web, como HTML 5 (frequentemente briga com a Adobe por causa do Flash), mas na prática não está nem aí. A página com o video requer o Safari 4 ou 5 no Snow Leopard, Safari no iOS 3 ou superior, ou QuickTime 7 no Windows. Pelo jeito ela quer restringir ao máximo a cópia do vídeo 😛
Detalhes em texto (e imagens) sobre o Lion estão na página oficial do OS X, em http://www.apple.com/macosx/.
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