O serviço de assinatura Twitter Blue foi mais uma vez adiado. Depois que Elon Musk comprou o Twitter, o serviço de assinatura da rede social foi lançado globalmente no começo de novembro. Mas devido a inúmeros problemas, foi retirado do ar com a promessa de ser relançado no dia 29 de novembro. Obviamente que isso não aconteceu.
O bilionário prometeu relançar o Twitter Blue com todos os problemas corrigidos. Mas, além dos problemas técnicos, outro motivo por trás do adiamento é a famigerada taxa de 30% que a Apple cobra na App Store. Elon Musk não está nada satisfeito com a ideia da Apple abocanhar 30% da receita gerada pelo Twitter no iOS. Por isso ele tenta encontrar uma forma de burlar essa taxa da Apple.
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Mas o magnata dono da Tesla e SpaceX também tem outros motivos para toda essa rusga com a Maçã. Recentemente ele disse que a Gigante de Cupertino pode retirar o Twitter da App Store por causa do relaxamento das medidas contra discursos de ódio e a ideia de anistiar contas banidas da plataforma. Mas a única fonte para isso é o próprio Elon Musk, que também criticou a diminuição dos anúncios feitos pela Apple no Twitter.
Comissão de 30% é o pivô dos problemas
A Apple cobra uma comissão de 30% pelo uso do sistema de pagamentos da App Store. Ou seja, qualquer aplicativo que tenha qualquer tipo de venda in-app, não importa se é assinatura, compra única ou compra de itens avulsos, tem que pagar essa comissão de 30%.
Essa é uma prática comum no mercado. Toda empresa que intermedia uma transação financeira fica com uma porcentagem dela, vide as empresas administradoras de cartões de crédito. No Android também funciona assim.
Mas o problema com a Apple é que ela não permite que os desenvolvedores usem outros métodos de pagamento. Ou eles usam o sistema de pagamentos da App Store ou não usam nenhum. Uma forma de burlar essa taxa é não permitindo que a compra seja finalizada no iOS. Para isso, usuários interessados em assinar o Twitter Blue, por exemplo, deverão recorrer ao computador para concluir o pagamento. Uma saída nada prática, convenhamos, mas continua sendo uma saída.
Porém, para fazer isso, Elon Musk deve manter tudo em segredo. Caso contrário, passará por um processo judicial ferrenho com a Apple e terá o Twitter removido da App Store. O caso mais emblemático é o da Epic Games, que resolveu “peitar” a Apple e agora está em uma briga judicial sem previsão de terminar e com o jogo Fortnite indisponível para iPhones.
Twitter é muito dependente do iOS
A diferença entre a Epic Games e o Twitter é que o segundo é muito mais dependente do iOS. Para você ter uma ideia, somente 7% da receita da Epic Games vinha do iOS. Já no caso do Twitter, 80% dos acessos ocorrem por plataformas mobile. E nos Estados Unidos mais da metade dos usuários utilizam iPhone.
Por isso, entrar em uma briga judicial com a Apple e ter o Twitter retirado da App Store tem uma enorme capacidade de minar qualquer chance de sucesso da rede social. Ao assumir o cargo de CEO, Elon Musk disse que uma de suas missões era fazer o Twitter lucrar como nunca antes.
Além disso, devemos lembrar que para comprar a rede social Elon Musk teve que fazer um empréstimo onde colocou como garantia o próprio Twitter. Ou seja, os lucros da rede social é que pagarão as dívidas feitas pelo bilionário. Então há muita coisa em jogo aqui.
Musk diz que taxa da Apple é “secreta”
Elon Musk gosta de espetacularizar e polemizar todas as situações. Em um tweet publicado no dia 28 de novembro ele disse que a taxa de 30% da Apple é secreta. “Você sabia que a Apple coloca um imposto secreto de 30% em tudo que você compra na App Store?”, indagou o magnata em sua própria rede social.
Acontece que essa taxa não é segredo para ninguém. Qualquer pessoa que trabalha com desenvolvimento de aplicativos ou que acompanhe o universo da tecnologia sabe da existência dela. Inclusive, ela foi anunciada pelo próprio Steve Jobs, em 2008, no evento de apresentação do iPhone 3G.
A famigerada taxa está escancarada nos termos de uso da plataforma. Tais termos precisam ser lidos por toda empresa que quer colocar seu aplicativo na App Store. Apesar disso, é válido criticar a Apple por não permitir outros métodos de pagamento em sua plataforma.
Na disputa judicial com a Epic Games, a empresa foi considerada culpada por “violação de competição justa”. O juiz sentenciou a Maçã para permitir outros sistemas de pagamento. Mas ela recorreu da decisão e um novo julgamento será marcado.
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