O rapper Kanye West, conhecido atualmente como Ye, anunciou que comprará a rede social Parler, conhecida por ser uma plataforma alternativa para os conservadores.
O anúncio ocorreu ontem (16), quando a Parlement Technologies, holding do Parler, anunciou o acordo de compra com o rapper americano.
De acordo com a holding do Parler, Kanye West agiu de maneira “avassaladora” no sentido de garantir o espaço para a liberdade de expressão nas mídias sociais. A aquisição aconteceu semanas após Kanye West, ou Ye, ser bloqueado no Twitter devido a comentários contra a população judaica.
Conhecido por suas polêmicas, Kanye West deu uma entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson – o maior nome do conservadorismo na mídia americana – no canal Fox News, que foi ao ar no dia 6 deste mês.
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Durante a entrevista, o premiado rapper fez uma série de ofensas e alegações conspiratórias em relação ao povo judeu e à identidade judaica. Uma dessas alegações feitas por Kanye West afirmava que os “judeus, na verdade, são negros”.
De acordo com West, “as 12 tribos perdidas de Judá, o sangue de Cristo, é o que as pessoas conhecem como a raça negra”. No judaísmo, essa é a tribo que dá origem aos descendentes do povo de Israel.
Contudo, por ‘raça negra’, Kanye West não fez alusão à banda de pagode brasileira, mas, sim, à identidade judaica cristã da comunidade afro-americana.
O fato é que Kanye West afirmou que os judeus pertencem à população afro-americana e, portanto, ele não pode ser descrito como antissemita. Por ser negro, segundo West, ele também é judeu.
Entretanto, o bloqueio de Kanye West no Twitter foi devido a uma afirmação mais agressiva. O rapper afirmou em um tweet que iria entrar em guerra contra os judeus, usando termos do exército americano.
Desse modo, um porta-voz do Twitter afirmou que o tweet do rapper atualmente conhecido como Ye violava as políticas da rede social.
Aquisição do Parler “libertará” Kanye West
Embora não tenha divulgado os valores da compra, o Parler afirmou que a transação “libertará Kanye West do medo de ser removido de outras mídias sociais”.
Além disso, o Parler afirmou que ainda falta a etapa de negociação definitiva com Kanye West, que deve ocorrer no próximo trimestre. Caso a transação dê certo, Kanye West será mais uma celebridade que possui uma rede social. West se juntará a Donald Trump, com a Truth Social e, sobretudo, Elon Musk, com a polêmica compra do Twitter.
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A imprensa americana enxerga esse movimento, conforme afirma a CNN, como a ação de um “pequeno grupo de homens ricos, alguns dos quais foram banidos ou suspendidos devido às suas próprias falas inapropriadas, que estão buscando adquirir uma rede social visando impulsionar o que eles chamam de ‘liberdade de expressão'”.
Kanye West, por outro lado, afirmou que a compra do Parler sinaliza o direito que os conservadores tem de se expressarem livremente. O rapper ressalta que vivemos em “um mundo onde opiniões conservadoras são consideradas polêmicas”.
Outro fato que a compra do Parler sinaliza é a guinada de Kanye West rumo ao conservadorismo. Recentemente, o rapper usou uma camisa que continha a frase “White Lives Matter” (Vidas Brancas Importam), uma cutucada direta ao movimento “Black Lives Matter”.
Após esse incidente com a camiseta, a Adidas anunciou estar revisando os termos de sua parceria com Kanye West. Uma das principais fontes de riqueza de West é a linha de tênis chamada Yeezy cujos preços beiram o absurdo…
Além da Adidas, a marca de roupas Gap finalizou sua parceria com Kanye, também devido ao seu posicionamento que flerta com o conservadorismo.
Por falar em conservadorismo, embora o Parler se intitule “uma rede focada na liberdade de expressão”, bem como uma alternativa ao Twitter e ao Facebook, a imprensa especializada americana considera a plataforma como um “refúgio para o discurso de ódio”.
A rede social surgiu em 2018 e obteve um rápido crescimento durante as eleições presidenciais dos EUA em 2020, quando políticos americanos com tendências conservadoras passaram a utilizar a plataforma.
O Parler ficou famoso quando houve a invasão ao capitólio após a vitória de Joe Biden, em janeiro de 2021, considerada a plataforma onde os ataques foram arquitetados. Assim, Apple e o Google removeram o aplicativo de suas respectivas lojas e a rede social foi alvo de uma investigação federal feita pelo governo dos EUA.
Atualmente, o Parler figura entre uma das redes sociais com menos usuários ativos, contabilizando por 40 mil pessoas que acessam a rede diariamente.
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