A Intel, gigante do setor de semicondutores, divulgou os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2023. A Gigante de Santa Clara amargou o maior prejuízo trimestral em sua história. A companhia registrou uma redução de 133% no lucro por ação em relação ao mesmo período do ano anterior e um prejuízo líquido de impressionantes US$ 2,8 bilhões.
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Quinto trimestre consecutivo de queda
Comparado ao primeiro trimestre de 2022, quando a Intel obteve um lucro de US$ 8,1 bilhões, o resultado atual marca o quinto trimestre consecutivo de queda nas vendas e o segundo de perdas. A receita da empresa também apresentou uma queda de quase 36%, totalizando US$ 11,7 bilhões.
Apesar do desempenho desfavorável, a perda por ação foi ligeiramente melhor do que as expectativas de Wall Street. As ações da empresa sofreram uma redução de apenas 2%. No entanto, a queda de US$ 0,04 por ação ficou abaixo do lucro de US$ 0,01 por ação esperado pelos analistas.
Todas as divisões da Intel foram afetadas
Os resultados negativos atingiram todas as divisões da empresa. A unidade de computação para clientes, responsável pelos processadores para desktops e notebooks com Windows, registrou uma receita de US$ 5,8 bilhões. Isso representa uma queda de 38% em relação ao ano anterior.
O segmento de Data Center e Inteligência Artificial sofreu uma queda ainda maior, de 39%, alcançando US$ 3,7 bilhões em receita. Por sua vez, a divisão Network and Edge registrou US$ 1,5 bilhão em vendas, uma redução de 30%.
Diante desse cenário preocupante, a Intel busca cortar custos, incluindo a realização de demissões em massa. A empresa espera economizar cerca de US$ 3 bilhões em 2023 e até US$ 10 bilhões por ano até 2025.
CEO já traçou um plano de recuperação
O CEO da Intel, Patrick Gelsinger, que está no comando da empresa desde 2021, traçou um plano de recuperação ao abrir as fábricas da Intel como foundries, permitindo a fabricação de chips para outras empresas.
A Intel pretende fabricar chips tão avançados quanto os produzidos pela TSMC, em Taiwan, até 2026. Dessa forma ela poderá competir por trabalhos personalizados como os chips utilizados pela Apple nos iPhones.
Apesar dos esforços, o segmento de chips para PCs, que já foi o carro-chefe da Intel, continua em declínio. As vendas globais de PCs caíram quase 30% no primeiro trimestre, de acordo com estimativas do IDC. No entanto, Gelsinger sinalizou que o mercado de PCs pode estar se estabilizando, com correções de estoque ocorrendo conforme o esperado.
Vai dar certo?
Os resultados financeiros da Intel também destacaram uma área de crescimento: a Mobileye, que fabrica sistemas e software para carros autônomos. A empresa, que abriu seu capital no ano passado, mas ainda é controlada pela Intel, registrou um aumento de 16% nas vendas, totalizando US$ 458 milhões.
A Intel acredita que as medidas de contenção de custos, incluindo as demissões, estão surtindo efeito. A expansão das margens brutas da empresa, que atingiu cerca de 37,5% no trimestre atual, superou diversas estimativas. E isso pode ser um indicativo positivo para os investidores.
Embora os resultados do primeiro trimestre de 2023 mostrem um cenário desafiador para a Intel, a companhia continua a buscar soluções e estratégias para retomar sua liderança no mercado de semicondutores. A guinada em direção à fabricação de chips para outras empresas e a crescente estabilização do mercado de PCs podem ser sinais de que a Intel está no caminho certo para se recuperar de seus prejuízos históricos.
Os investidores, por sua vez, estão ansiosos para saber se a Intel alcançou seu ponto mais baixo e se o plano de recuperação de Gelsinger trará os resultados esperados. Desde o início de 2023, as ações da Intel subiram mais de 9%, embora ainda estejam mais de 35% abaixo do valor registrado no mesmo período do ano anterior.
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