Pesquisadores da ETH Zurich desenvolveram uma inteligência artificial capaz de superar os captchas do Google com eficácia semelhante à de humanos. O estudo focou no Recaptcha v2, que desafia os usuários a identificar elementos urbanos em imagens.
A equipe utilizou o modelo Yolo (You Only Live Once) para processamento de imagens, treinando-o com 14 mil fotos de ruas devidamente categorizadas. Embora o sistema não opere de forma totalmente autônoma, necessitando de intervenção humana, ele demonstrou notável habilidade em reconhecer objetos.
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Macetes para comprovar que a IA é um “humano”
Quando cometia pequenos erros, o Recaptcha v2 apresentava puzzles adicionais, permitindo que a IA eventualmente convencesse o sistema de sua “humanidade”. Este não é um feito inédito; há uma década, softwares já conseguiam resolver captchas com 90% de precisão, e até serviços que empregavam pessoas para essa tarefa existiam.
Especialistas apontam que as máquinas estão se tornando cada vez mais eficientes em superar esses desafios, sugerindo que, no futuro, tais testes podem não ser suficientes para distinguir entre humanos e robôs.
Contudo, o Google mantém-se confiante. Um porta-voz da empresa explicou à New Scientist que o foco atual está em proteger os usuários sem depender de desafios visuais. De fato, a maioria das proteções oferecidas pelo Recaptcha aos 7 milhões de sites que o utilizam é invisível.
O Recaptcha v3 analisa o comportamento do visitante na página para determinar se é humano ou robô. Isso explica por que, às vezes, ao clicar em “Não sou um robô”, nenhum teste adicional é exigido.
Movimentos do mouse e até histórico do navegador são levados em conta pelos captchas
Os pesquisadores da ETH Zurich levaram em conta esses fatores em seu estudo. Descobriram que o Recaptcha apresenta menos captchas quando detecta movimentos do mouse ou a presença de histórico e cookies no navegador, indicativos de atividade humana genuína.
Além disso, o uso de VPN para alterar o IP também reduz o número de desafios, pois o sistema interpreta múltiplos acessos consecutivos do mesmo IP como um comportamento automatizado. Para isolar a eficácia da IA na resolução dos captchas, os testes foram conduzidos utilizando VPN, simulação de movimentos do mouse e um navegador com histórico e cookies.
É importante notar que os captchas têm uma função dupla: além de distinguir humanos de robôs, as respostas fornecidas são utilizadas para treinar os próprios sistemas de reconhecimento de imagem do Google.
A história do Recaptcha
O Recaptcha tem uma história interessante. Originalmente, foi um projeto da Universidade Carnegie Mellon nos EUA, criado para auxiliar na digitalização de livros antigos. Quando sistemas automáticos não conseguiam reconhecer uma palavra, os humanos eram solicitados a identificá-la, contribuindo assim para o processo de digitalização.
Embora a IA da ETH Zurich tenha demonstrado sucesso em resolver captchas, o Google continua aprimorando suas tecnologias de segurança. A empresa enfatiza que suas proteções vão além dos desafios visuais, adaptando-se constantemente para manter a segurança online.
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