Nesta sexta-feira (20), a Alphabet, empresa controladora do Google, emitiu um comunicado bem desconfortável. Cerca de 12 mil funcionários serão demitidos em todo o mundo. A notícia foi dada pelo CEO do Google, Sundar Pichai, que explicou que as mudanças na realidade econômica global não condizem com a quantidade de funcionários que a empresa emprega hoje.
Sendo assim, o Google é mais uma das “Big Techs” a realizar o famigerado layoff. Ainda nesta semana a Microsoft demitiu mais de 10 mil funcionários no mundo todo. E no ano passado a Netflix também mandou muita gente dar uma passadinha no RH. Das grandes empresas de tecnologia, a única que não fez layoff foi a Apple.
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Os primeiros funcionários a serem demitidos do Google são os que trabalham nos Estados Unidos. Nos outros países a ação deve demorar um pouco mais, já que leva tempo se adequar às leis trabalhistas locais. Dessa forma, o Google perde 6% de toda a sua força de trabalho.
Motivos para as demissões
De fato, a realidade econômica global mudou. Os últimos dois anos, marcados pela pandemia de COVID-19, representou também uma oportunidade de crescimento para as empresas de tecnologia. Contratar profissionais em regime de home office é menos oneroso. Sem falar que a maior quantidade de tempo livre fez as pessoas consumirem mais conteúdo e passarem mais tempo online, o que é ótimo para empresas como o Google.
No entanto, a pandemia passou e as coisas estão normalizando. Além disso, fatores como a Guerra da Ucrânia e a “crise dos chips” se somam para dificultar a vida das grandes empresas.
Devido a isso, Sundar Pichai explica que o Google decidiu focar apenas nas suas principais prioridades para o momento. Entre elas está o investimento em tecnologias de inteligência artificial. Portanto, todas as funções que não estão alinhadas com as principais prioridades da companhia serão cortadas. E isso não exclui nem mesmo funcionários mais privilegiados, como gerentes e diretores.
Pelo menos Sundar Pichai garantiu que todas as compensações serão pagas integralmente. Isso inclui seis meses de plano de saúde, pagamentos de bônus e férias acumuladas de 2022 e também suporte a funcionários imigrantes.
Mas o que diabos é essa “realidade econômica atual”?
Basicamente toda empresa que faz layoff (leia-se demissão em massa) coloca a culpa na “realidade econômica atual”. Com o Google não foi diferente. Mas o que isso quer dizer? Vou tentar explicar da maneira mais didática possível.
Com a chegada da pandemia, o mundo inteiro teve que passar por períodos de lockdown e distanciamento social. Com isso, as pessoas deixaram de sair mais para festas e encontros sociais fora de casa. Além disso, as empresas que puderam migraram seus funcionários para o regime de home office. Mas o que isso tem a ver?
Essas mudanças fizeram com que muitas pessoas comprassem novos aparelhos eletrônicos. Computadores desktops, notebooks e webcams tiveram um boom de vendas. Além disso, com mais tempo livre, as pessoas passaram a ficar mais tempo na internet. Quanto mais tempo na internet, mais exposta a pessoa fica à anúncios. E você sabe que os anúncios são a grande fonte de receita do Google. O YouTube também viu seu número de usuários aumentar. E não só isso, o tempo de permanência de cada usuário na plataforma também foi maior.
Sabe quais outros eletrônicos tiveram um aumento de vendas durante a pandemia? Smart TVs, robôs aspiradores, dispositivos com assistentes virtuais como a Alexa e outros aparelhos similares. Neste cenário a Amazon foi outra empresa que cresceu bastante. Ainda mais por que no Brasil a Alexa é a assistente virtual mais popular.
Porém, a pandemia já passou. As pessoas já voltaram a viajar, frequentar festas, bares e a sair mais de casa. O tempo total online diminuiu. E poucas pessoas vão trocar um aparelho eletrônico com menos de 2 anos de uso. Smart TVs duram uns 5 anos fácil, fácil. Computadores e notebooks também. E todas essas mudanças frearam o crescimento das Big Techs, que agora se veem obrigadas a fazer cortes de gastos para se manterem vivas. Essa é a tal “realidade econômica atual”.
Fontes: Google e TechCrunch