Faturamento de US$ 10 milhões: Músico usa IA para gerar canções, frauda streaming, e acaba preso

Faturamento de US$ 10 milhões: Músico usa IA para gerar canções, frauda streaming, e acaba preso

O Departamento Federal de Investigação (FBI) efetuou a prisão do músico Michael Smith depois de descobrir que ele vinha utilizando de maneira fraudulenta a inteligência artificial (IA) e robôs para manipular serviços de streaming reconhecidos como Spotify, Apple Music e YouTube Music.

Esse esquema ilícito permitiu que Smith arrecadasse aproximadamente US$ 10 milhões. Além de Smith, outras duas pessoas, as quais ainda não foram oficialmente identificadas, colaboraram nessa operação criminosa, utilizando-se de IA para gerar centenas de milhares de faixas musicais. Essas músicas eram reproduzidas por inúmeras contas fictícias com o propósito de acumular royalties de forma indevida.

Leia também
Golpe: homem é enganado e compra Ryzen 7 7800X3D falso
Bolsa família: golpe por SMS rouba dados e dinheiro dos beneficiários

Smith roubou milhões [de dólares] em royalties que deveriam ter sido pagos a músicos, compositores e outros detentores de direitos de canções tocadas de modo legítimo“, declarou o promotor federal Damian Williams. Este incidente representa a primazia no que tange à identificação de fraudes envolvendo IA em serviços de streaming pelo FBI.

Com seus 52 anos, Smith agora se vê diante de graves acusações incluindo fraude eletrônica e conspiração visando à lavagem de dinheiro, crimes esses que podem resultar em uma sentença de até 20 anos de encarceramento.

Fraude exigia muitas músicas

A hora da verdade: qual streaming de música é melhor em 2022? - Giz Brasil

Segundo informações provenientes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, foi em 2018 que Smith colocou seu plano fraudulento em execução, contando com o apoio do CEO de uma organização focada em música baseada em IA e de um promotor musical.

A referida equipe logo compreendeu que seria necessário disponibilizar “uma tonelada de músicas” para que conseguissem escapar do radar de detecção de fraudes. Assim, valendo-se da capacidade produtiva da IA, Smith gerou inúmeras faixas, criando nomes de artistas e títulos de músicas aleatórios, a exemplo de “Calm Force” e “Zyzomys”.

Para executar esse vasto leque de produções musicais fraudulentas, foram criadas milhares de contas falsas, cujos emails foram adquiridos por meios suspeitos. Essas contas foram programadas para simular comportamentos humanos autênticos com a intenção de ludibriar os sistemas anti-fraude das plataformas de streaming. Graças a essa artimanha, era possível criar mais de 660 mil reproduções falsas todos os dias.

Plataformas lutam contra abusos e fraudes

Conheça os tipos de plataforma para ouvir música e escolha sua preferida -  Play BPM

O fenômeno de fraudes envolvendo plataformas de streaming não é uma questão recente. Remontando a cerca de seis anos atrás, listas de reprodução compostas por faixas extremamente curtas chegaram a gerar US$ 1 milhão em royalties.

As companhias responsáveis por essas plataformas vêm implementando diferentes estratégias na tentativa de conter tais práticas ilícitas. O Spotify, por exemplo, tem uma política de não remunerar faixas que não alcançam ao menos 1 mil reproduções e impõe penalidades financeiras em casos de constatação de streaming artificial.

Já a Deezer optou por remover do seu catálogo faixas denominadas “funcionais”, que incluem sons monótonos como ruído branco e barulhos de chuva, popularmente empregadas em esquemas fraudulentos.

Quem realmente sofre com isso são os artistas legítimos, que acabam prejudicados e recebendo uma quantia inferior de royalties do que lhes seria devido. Com o contínuo avanço tecnológico da IA generativa, o processo de criação de faixas musicais complexas torna-se cada vez menos desafiador, o que pode ampliar significativamente as dificuldades enfrentadas pelas plataformas de streaming para detectar e prevenir fraudes futuras.

Fontes: Ars Technica, The New York Times

Sobre o Autor

Cearense. 34 anos. Apaixonado por tecnologia e cultura. Trabalho como redator tech desde 2011. Já passei pelos maiores sites do país, como TechTudo e TudoCelular. E hoje cubro este fantástico mundo da tecnologia aqui para o HARDWARE.
Leia mais
Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X