Na noite do último domingo (10), Christopher Nolan recebeu aquele que é considerado o grande aval da indústria do cinema para a sua posição como diretor: venceu o Oscar de melhor direção. Esse prêmio, que chancelou individualmente o trabalho de Nolan, foi apenas uma parte do trabalho em conjunto que premiou Oppenheimer com outras 6 estatuetas, incluindo a de melhor filme.
Para milhões de amantes da sétima arte mundo afora, o trabalho de Nolan já estava mais do que avalizado, por obras como Batman: Cavaleiro das Trevas, Dunkirk e A Origem, mas o Oscar agrega agora mais um “carimbo técnico” a carreira do diretor e roteirista de 53 anos, conhecido por ser um defensor ferrenho de tecnologias como o IMAX, e a captação e projeção em película – um contraste a um mundo cada vez mais digital.
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Com qual empresa de tecnologia os filmes de Christopher Nolan podem ser comparados? Na visão do crítico e jornalista Thiago Romariz, a Apple é a escolha ideal.
“Os filmes do Christopher Nolan, vou fazer uma comparação aqui, são como aparelhos da Apple. Eles são extremamente, tecnicamente, muito bem feitos. Pontas extremamente polidas, esteticamente perfeito.
Aquele negócio que parece que saiu de uma perfeição técnica que você não imaginaria que aquilo ali pudesse acontecer. A Apple é muito conhecida pela forma como faz as embalagens, como faz você tirar o produto da embalagem, como o som daquilo ali é bom, como o sistema é maravilhoso, como é bonito, como é bem feito tecnicamente, diz Romariz.
O Nolan é criticado sob diversos aspectos, principalmente na questão expositiva, suas obras são consideradas por muitosc como explicativas demais, algo que é visto como maçante. No entanto, o diretor tem um apreço singular pela parte técnica, pelo requinte e visão de como filmar, de como contar a história e impactar o público.
A Apple também é amplamente criticada, com destaque para sua política de preços considerada exorbitante, mas que mantém uma filosofia do requinte para a apresentação do produto. Ideia que o público agarrou. Similar a uma experiência que uma grife de roupa, por exemplo, tenta fazer. Visto por muitos como perfumaria para encarecer seus produtos, essa ideia do apreço pela apresentação, aliado à boa experiência do produto e ao status agregado, reforça o apelo midiático e comercial.
“Ele (Christoper Nolan) acredita que aquilo faz parte da experiência do cinema, assim como a Apple acredita que faz parte da experiência do usuário para os aparelhos dela. (…) Pra Apple, a experiência do usuário é simples para que você se sinta mais inteligente possível, que você torne a tecnologia mais complexa ou mais simples possível.
O Nolan é exatamente isso. Ele gosta de pegar grandes temas, grandes histórias, que parecem complexas, e fazer com que a gente tenha uma experiência de simplificação daquilo, o que, não necessariamente, torna a obra dele didática, acrescenta Romariz.
A abordagem técnica de Nolan pode fazer transparecer que ele é um grande adpeto dos mais variados lançamentos da tecnologia, como o iPhone da moda, por exemplo. No entanto, fora do ambiente que o consagrou, ele é o oposto disso.
Em entrevista ao Hollywood Reporter, o diretor afirmou que não anda com um smartphone, não vê seus emails (pede para que seu assistente faça essa tarefa) e escreve os seus roteiros em um computador sem conexão com a internet.
Nolan não é um detrator da tecnologia, ele não a enxerga como algo ruim, mas gosta de manter uma certa distância na hora de trabalhar para evitar que isso seja uma distração:
“Se estou gerando meu material e escrevendo meus próprios roteiros, ficar em um smartphone o dia todo não seria muito útil para mim”
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