Imagine um galpão com milhares de smartphones funcionando ao mesmo tempo, fingindo ser gente real. Eles assistem vídeos, curtem posts, jogam partidas inteiras — mas tudo isso sem nenhum humano por trás. Essas são as fazendas de celulares, estruturas clandestinas que usam automação para manipular sistemas online e gerar lucro.
Como funciona uma fazenda de celulares?
Uma fazenda de celulares nada mais é do que um espaço (muitas vezes pequeno, abafado e isolado) repleto de smartphones conectados simultaneamente à internet, operando 24 horas por dia. Cada celular é controlado por softwares de automação que simulam atividades humanas , como toques na tela, deslizes, cliques e até hesitações . A ideia é alcançar um nível de precisão que engane até os algoritmos mais modernos.
Esses aparelhos normalmente contam com chips próprios, falsificação de IP e localização (spoofing) e operam em estruturas refrigeradas, para evitar superaquecimento. Tudo é pensado para manter o funcionamento constante, mesmo que isso envolva sacrificar a bateria ou desmontar os aparelhos para permitir melhor dissipação de calor.
Reconhecida como o epicentro global desse tipo de operação, a China abriga grandes instalações que operam com milhares de celulares em racks, controlados por scripts e humanos, para gerar cliques, curtidas, downloads e tráfego artificial. Essas operações são altamente organizadas para manipular métricas online – desde App Store rankings até engajamento em redes sociais.
Quando e onde tudo começou
A prática das fazendas digitais tem raízes no início dos anos 2000, com o surgimento das click farms — operações onde trabalhadores pagavam manualmente por cliques, curtidas e tráfego artificial em sites e redes sociais.
Originalmente, essas operações envolviam trabalho humano, especialmente em países com baixo custo de mão de obra como China, Índia, Nepal, Bangladesh, Egito, Indonésia, Filipinas e México.
Para que servem essas fazenda
What is the purpose of this other than mass bot farmimg?
byu/Verhulstak69 inLinusTechTips
O uso varia conforme o contratante. Entre as práticas mais comuns estão:
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Impulsionamento artificial de views e streams para artistas ou influenciadores.
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Simulação de usuários em cassinos online e jogos multiplayer, criando falsos oponentes para parecer que a plataforma tem movimento real.
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Automação de jogos para “upar” contas que depois são vendidas.
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Participação em campanhas de airdrops de criptomoedas, criando milhares de carteiras falsas para capturar tokens gratuitos.
A automatização do caos: como funcionam os bots de fazenda
O funcionamento é estruturado em hierarquias. Um celular “master” envia comandos para até 500 aparelhos “slave”, que imitam suas ações em tempo real. Ou seja, um clique em um app no master gera centenas de interações em paralelo.
Com o avanço da inteligência artificial, os sistemas agora são capazes de simular toques humanos, padrões de rolagem e até hesitações naturais, tornando quase impossível distinguir bots de pessoas reais. A automação deixou de ser robótica, ela agora “parece humana”.
Mercado em expansão
Embora ainda não existam números específicos para fazendas de celulares, o estado geral da fraude móvel é revelador. O mercado global de Mobile Fraud Detection deve alcançar US$ 102 bilhões em 2034 (em 2024 foi US$ 18,06 bilhões), com taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 18,9%.
