Uma série de fake news Pix sobre possíveis taxações no sistema de pagamentos instantâneos teria servido como escudo para o Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentar bilhões de reais ilegalmente. A informação foi divulgada pela Receita Federal após a megaoperação que desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo fintechs e outras empresas controladas pela facção criminosa.
Segundo Andrea Costa Chaves, subsecretária de fiscalização da Receita Federal, a onda de desinformação sobre uma suposta taxação do Pix culminou na revogação de normas cruciais que permitiriam maior controle sobre transações financeiras. Como resultado, mais de 200 fintechs permaneceram fora do alcance da fiscalização, criando um ambiente propício para operações ilícitas.
A proposta original da Receita previa a notificação obrigatória de todas as transações acima de R$ 5.000 para pessoas físicas e R$ 15.000 para empresas. O mecanismo possibilitaria identificar movimentações financeiras suspeitas e rastrear esquemas de lavagem de dinheiro com maior eficiência.
Como o esquema criminoso funcionava
A operação batizada de Carbono Oculto mobilizou 1.400 agentes em oito estados brasileiros para desarticular uma complexa rede de lavagem de dinheiro. As investigações revelaram que o PCC utilizava fintechs como peças-chave para processar recursos obtidos principalmente através de postos e redes de combustíveis controlados pela organização.
O esquema movimentou mais de R$ 7,6 bilhões que passavam por diversas camadas de empresas e instituições financeiras digitais antes de chegar aos líderes da facção. Sem a análise sistemática das transações pela Receita Federal, os criminosos conseguiram operar com menor risco de detecção.
Em resposta à situação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que voltará a exigir que as fintechs façam reportes financeiros regulares ao governo. A medida visa acelerar a identificação de operações suspeitas, já que as investigações desse tipo de crime financeiro são normalmente processos longos e complexos.
A Receita Federal enfatiza que a capacidade de monitorar grandes volumes de transações financeiras é essencial para combater organizações criminosas que se adaptam rapidamente às tecnologias disponíveis. A disseminação de fake news sobre o Pix acabou criando, involuntariamente, um ambiente favorável às operações ilícitas do crime organizado.
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