Por meio de um comunicado emitido na última segunda-feira (12), o Facebook informou uma mudança em seu algoritmo e nos padrões da comunidade. A partir de agora, posts negacionistas ou com informações distorcidas com relação ao Holocausto serão sumariamente excluídos. Ainda segundo o mesmo comunicado, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, decidiu adotar tal medida devido ao crescente aumento do antissemitismo no mundo todo.
Monika Bickert, que é vice-presidente de políticas de conteúdo no Facebook, declarou o seguinte a respeito dessa mudança: “Nossa decisão é apoiada pelo aumento bem documentado do antissemitismo globalmente e o nível alarmante de ignorância sobre o Holocausto, especialmente entre os jovens”.
E, segundo uma pesquisa feita com 10 mil pessoas entre 18 e 39 anos nos Estados Unidos pela Conference on Jewish Material Claims Against Germany, o número de jovens que não sabem muita coisas sobre o Holocausto é alarmante. 63% dos entrevistados simplesmente não sabiam que 6 milhões de judeus perderam suas vidas em campos de concentração.
Além disso, 30% dos entrevistados disseram já ter visto símbolos nazistas em perfis no Facebook. E, o pior dado de todos: 15% afirmaram que o Holocausto é um mito ou é algo bastante exagerado pela imprensa.
E o Facebook, como a rede social mais usada em todo o mundo, pode (e era) ser usado para disseminar tais informações falsas. Tanto é que até pouco tempo, quando você fazia uma pesquisa no Facebook sobre o assunto, o algoritmo sugeria páginas que negam o Holocausto e ainda exibia anúncios de editoras que publicavam livros revisionistas sobre os fatos da Segunda Guerra Mundial. Portanto, Mark Zuckerberg entendeu que realmente o Facebook tem o poder de formar opiniões ou, no mínimo, dar mais voz para formadores de opinião.
Mudança de opinião
Mas nem sempre o Mark Zuckerberg pensou assim. Por exemplo, em 2018 ele declarou em entrevista no podcast Recode Decode que embora achasse o negacionismo com respeito ao Holocausto algo errado e profundamente ofensivo, ele não achava correto que o algoritmo do Facebook interferisse no que era postado na rede social. A justificativa, dada na época, é que “há assuntos em que diferentes pessoas erram”.
Pois bem, parece que agora ele mudou de opinião. Em uma postagem feita ainda ontem (12), Zuckerberg diz que a sua opinião evoluiu quando ele viu os dados que mostram o aumento da violência antissemita. O CEO do Facebook ainda pontuou que é uma tarefa muito delicada dizer o que é um discurso aceitável ou não, mas considerando a situação atual no mundo, esta é a medida correta para encontrar o equilíbrio.
Agora, quando você pesquisar no Facebook sobre o Holocausto, verá links confiáveis sobre o assunto. Obviamente que leva tempo para treinar o algoritmo e os revisores do Facebook para banir de forma total os posts negacionistas sobre o Holocausto. Mas já temos meio caminho andado com essa decisão. Eu, particularmente, acho correta essa decisão do Facebook. O Holocausto foi uma coisa muito cruel e grave. Mas, se for esquecida, fatalmente algum lunático de ego gigante e com o poder nas mãos voltará a repeti-la.
“Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.” – George Santayana em A Vida da Razão, 1905.
Fonte: Facebook