Facebook entregou dados e mensagens de seus usuários para 150 empresas

Facebook entregou dados e mensagens de seus usuários para 150 empresas

De acordo com números da lista dos 500 bilionários mais ricos do planeta Mark Zuckerbeg teve a queda mais acentuada de 2018, encolheu seu patrimônio em US$ 19 bilhões. O dinheiro perdido tem relação direta com os escândalos sobre descaso do Facebook com a privacidade de seus usuários. Faltando alguns dias para o término desse ano tenebroso para sua imagem e de suas empresas Zuckerberg tem mais uma revelação bombástica para se explicar. O Facebook entregou dados e mensagens de seus usuários para 150 empresas de tecnologia, entre elas: Amazon, Microsoft e Netflix.

A acusação partiu do jornal The New York Times, o mesmo que denunciou em março que dados de quase 90 milhões (cerca de 443 mil brasileiros) de usuários do Facebook foram vazados para uma empresa chamada Cambridge Analytica, que utilizou esses dados a serviço da campanha de Donald Trump.

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O jornal teve acesso a 270 páginas de documentos internos do Facebook e entrevistou mais de 50 pessoas, dentre elas, ex-funcionários da companhia, advogados, ex-integrantes do governo, etc. As parceiras com as empresas para o compartilhamento de informações foram firmadas em 2010. Algumas ainda estavam ativas este ano.

O acordo beneficiou ambas as partes. Do lado do Facebook permitiu aumentar sua base de usuários (atualmente é de 2,2 bilhões) e elevar sua receita de publicidade. As empresas que receberam essas informações privadas puderam refinar seus produtos, usando como métrica os gostos, costumes, e até mensagens privadas, de bilhões de usuários. Esse é um dos motivos para o Facebook tentar convencer você a permanecer cada vez mais tempo em sua plataforma, angariar mais informações pessoais e transforma-las em dinheiro, muito dinheiro, repassando para terceiros.

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A entrega das informações era segmentada, cada empresa recebia o que mais lhe interessava. Confira abaixo alguns exemplos dessa distribuição:

  • Amazon: nomes e contatos de amigos
  • Yahoo: permitir que publicações dos amigos pudessem ser visualizadas
  • Microsoft: autorizou o Bing, plataforma de busca, a ver todos os nomes das amizades dos usuários do Facebook
  • Netflix: acesso a mensagens privadas dos usuários
  • Spotify: acesso a mensagens privadas dos usuários
  • Royal Bank of Canada: acesso a mensagens privadas dos usuários
  • Apple: acesso à lista de amigos e itens de calendário, mesmo se cada opção de compartilhamento estivesse desabilitada.

Sites de resenhas de restaurantes (Yelp) ou filmes (Rotten Tomatoes) tiveram acesso aos dados de “amigos” do Facebook para ver o que eles disseram sobre o filme, o que eles procuraram ou se eles tinham comentado algo sobre o restaurante. Esta função foi lançada em 2010 e encerrada em 2014, embora Bing, o serviço de streaming de música Pandora e o Rotten Tomatoes continuaram a ter acesso aos dados.

Em 2011, a FTC havia imposto ao Facebook que informasse claramente aos usuários sobre o compartilhamento de dados com empresas de terceiros, mas os documentos acessados pelo NYC deixam claro que a regra não foi seguida. O próprio Mark Zuckerberg havia dito para Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes dos EUA no início deste ano que os usuários têm controle total sobre seus dados por meio das configurações de privacidade da plataforma.

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O detalhe que fica claro nesse novo episódio em que 150 empresas tiveram acesso as informações é  que mesmo com ajustes nas configurações, para coibir a proliferação de dados, regimentos internos permitem o acesso, por meios que o usuário não consegue interceder.

A Apple disse ao jornal The Times que não tinha conhecimento desse acesso especial e que os tipos de dados descritos nunca teriam vindo do dispositivo do usuário. A Microsoft disse que apagou os dados. A Netflix negou categoricamente ao The Verge que eles tiveram “acesso a mensagens privadas das pessoas no Facebook , ou até mesmo pediram a capacidade de fazê-lo”.

Steve Satterfield, diretor de privacidade e políticas públicas do Facebook, declarou que nenhuma das parcerias viola a privacidade do usuário. Em um post em seu blog oficial, assinado por Konstantinos Papamiltiadis, Diretor de Desenvolvimento de Programas e Plataformas para Desenvolvedores o Facebook admite que seus parceiros tiveram acesso as mensagens.

Os parceiros tiveram acesso a mensagens?
Sim. Mas as pessoas precisavam fazer login no Facebook para usar o recurso de mensagens de um parceiro. Vamos tomar o Spotify como exemplo. Depois de fazer login na sua conta do Facebook no aplicativo do Spotify para desktop, você poderia enviar e receber mensagens sem sair do aplicativo. Nossa API forneceu aos parceiros acesso às mensagens para ativar esse tipo de recurso.

A companhia também é bem enfática: “para ser claro: nenhuma dessas parcerias ou recursos deu às empresas acesso a informações sem a permissão das pessoas, nem violaram nosso acordo de 2012 com o órgão regulador FTC, nos Estados Unidos.”

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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