A administração do presidente Biden tomou medidas significativas para restringir as exportações de chips de inteligência artificial (IA) avançados para a China, desencadeando uma série de repercussões em todo o mundo.
Essas medidas, que entraram em vigor em 30 dias, fazem parte de uma estratégia para impedir que a China acesse tecnologias de ponta dos Estados Unidos, a fim de fortalecer suas capacidades militares.
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As restrições incluem a proibição de envio para a China de chips de IA avançados projetados por empresas como Nvidia e outras. Elas buscam conter o acesso da China a semicondutores avançados que poderiam impulsionar avanços em inteligência artificial e computadores sofisticados, elementos cruciais para aplicações militares chinesas.
No entanto, a administração enfatiza que o objetivo não é prejudicar a economia chinesa.
Essas medidas representam um ajuste nas regulamentações divulgadas em outubro do ano passado, com planos de atualizações todos os anos. A abordagem visa evitar que a China modernize ainda mais seu exército usando tecnologia dos EUA, um ponto de preocupação que vem crescendo com o tempo.
De acordo com o Centro de Tecnologia de Segurança e Tecnologia Emergente da Universidade de Georgetown, em 2022, quase todos os chips de IA adquiridos pelo exército chinês nos últimos oito meses de 2020 eram de fabricantes norte-americanos, incluindo Nvidia, Xilinx, Intel e Microsemi.
Isso destaca como a IA, impulsionada por supercomputação e chips avançados, tem se tornado crucial para a tomada de decisões militares, planejamento e logística.
Fabricantes como a Nvidia podem ter problemas a longo prazo
Os fabricantes de chips, como a Nvidia, têm tentado cumprir as regulamentações anteriores, criando chips específicos para o mercado chinês que retinham poderosas capacidades de computação, mas limitavam as velocidades de comunicação para se enquadrar nas regras.
Essas novas restrições vão além e impõem limites à quantidade de poder de computação que um chip pode conter em um determinado tamanho. A ideia é também sanarem algumas brechas com a legislação anterior que fazia com que alguns processadores acabassem chegando ao país através de intermediários. Por isso, ela também vale para importações a outros países como Rússia, Irã e as empresas chinesas que fazem o design de chips.
Agora, a lista de modelos que estão proibidos de saírem para a China inclui também os modelos de chips A800 e H800, que são baseados nas arquiteturas Ampere e Hopper. Vale lembrar que variantes mais populares como a H100 já tinham sido vetadas nos decretos anteriores.
Outro modelo que entra na lista é a GeForce RTX 4090. Mesmo que ela não tenha foco na IA e não tenha sido produzida com essa finalidade, ela provavelmente está na lista pela sua capacidade de processamento e desempenho.
E essas medidas acabam tendo implicações para as empresas dos EUA. Embora algumas delas, como a Nvidia, inicialmente tenham observado um aumento nos negócios após as regras anteriores entrarem em vigor, a dependência da China como mercado se tornou uma espada de dois gumes.
A Nvidia já está vendendo quase todos os chips que pode produzir, uma vez que a demanda global supera a oferta. Mas, a longo prazo, empresas chinesas podem procurar outras fontes para preencher qualquer vácuo deixado pelos fabricantes dos EUA.
As empresas chinesas de semicondutores, como Biren e Moore Threads, que agora enfrentam requisitos rigorosos de licenciamento antes de receber produtos dos EUA, são lideradas por ex-funcionários da Nvidia e visam competir com as gigantes dos EUA no mercado de chips de IA.
Além disso, as novas medidas expandem os requisitos de licenciamento para exportações de chips avançados para mais de 40 países, que são considerados como apresentando riscos de desvio para a China e estão sujeitos a embargos de armas dos EUA.
Essa expansão parece ser uma resposta às preocupações de que os equipamentos e chips possam chegar à China por meio de terceiros.
Mudança global
Essas restrições não afetam diretamente chips de consumo usados em laptops, smartphones e jogos, embora alguns estejam sujeitos a requisitos de licenciamento e notificação por parte das autoridades dos EUA.
As implicações dessas medidas se estendem além das fronteiras dos EUA. Elas destacam a crescente complexidade das relações comerciais e políticas entre os Estados Unidos e a China, bem como as implicações para empresas de tecnologia em todo o mundo. Muitas delas terão que revisar suas estratégias e parcerias para se adaptar às mudanças na dinâmica global de chips de IA e semicondutores.
As restrições dos EUA à exportação de chips de IA para a China representam um movimento significativo no campo da geopolítica de tecnologia. Elas têm o potencial de remodelar o mercado global de semicondutores e de IA e provavelmente terão ramificações que se desdobrarão ao longo do tempo.
À medida que a tecnologia continua a desempenhar um papel fundamental na segurança nacional e nas relações internacionais, as políticas em torno dessas questões só se tornarão mais complexas e amplamente debatidas.
Fonte: reuters
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