O Dreamcast é frequentemente apontado como o responsável direto pela derrocada da SEGA no mercado de consoles, mas, segundo Peter Moore, que comandou a divisão americana da companhia entre maio de 2000 e maio de 2003, essa história merece outro olhar.
Moore compartilhou no X, ex Twitter, um post da IGN americana sobre o Dreamcast. O título da matéria diz “A história do console que matou um titã. Veja como o Dreamcast matou o reinado de hardware da SEGA”.
O executivo que trabalhou na SEGA afirmou: É triste refletir, mesmo 24 anos depois, o que poderia ter sido do Dreamcast. Estávamos realmente levando os jogadores para onde os jogos estavam indo. E, para constar, na minha humilde opinião, foi o trauma financeiro criado pelo desastre do Saturn que levou à queda do reinado da SEGA em hardware”.
Sad to reflect, even 24 years later, what might have been for the Dreamcast. We were truly taking gamers where gaming was going. And for the record, IMHO it was the financial trauma created by the Saturn debacle that led to the downfall of Sega’s hardware reign. https://t.co/7MFKJ7imQu
— Peter Moore (@PeterMooreLFC) July 31, 2023
Um desastre corporativo costuma ter relação com lançamentos pregressos da companhia, um encadeamento de fatores que podem atrapalhar completamente os próximos passos. É nesse ponto que Moore enfatiza para levantar o impacto que o Saturn teve sobre a SEGA.
A matéria da IGN relembra o curto período entre o lançamento do Dreamcast nos EUA e o comunicado oficial da SEGA sobre o abandono do mercado de hardware. O console foi lançado nos Estados Unidos no dia 09 de setembro de 1999. 18 meses depois, Moore, anunciou, via conferência de imprensa, que a SEGA estava deixando o negócio de consoles.
O lançamento anterior, o Saturn, acabou ficando com uma imagem ruim perante ao mercado, devido algumas estratégias que se mostraram equivocadas, como a definição do preço. O console ficou marcado por sua apresentação na E3 de 1995 95 em que o preço de US$ 399 foi confirmado. Um efeito devastador, considerando os US$ 299, do PlayStation que também foi anunciado no evento. Aqueles que adquiriram o Saturn, na visão dos analistas, também se sentiram traídos. Pagaram caro por um console que acabou não tendo um número considerável de bons títulos.
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O Dreamcast foi lançado tendo o “fantasma” do Saturn no retrovisor, e a SEGA acabou sendo sufocada pela Sony, que tinha emplacado o PlayStation, e agora vinha com o sucessor, e também pela Microsoft, que embarcou neste mercado e com muita grana pra colocar na mesa.
O console teve um bom início no mercado americano. Vendeu 500.000 unidades duas semanas após o lançamento (esse foi o mesmo número de unidades disponibilizada pela Sony um ano depois para o lançamento do PS2). Chegou oficialmente ao Brasil em setembro de 1999, via TecToy, pelo preço sugerido de R$ 899.
O Dreamcast foi perdendo tração até ser descontinuado em março de 2001, acumulando um pouco mais de 9,2 milhões de unidades.
Numa entrevista em 2020 para o Gamesradar, Moore também frisou outro ponto que ele considera crucial para o que aconteceu com o Dreamcast “Quando você olhava para o estilo de desenvolvimento japonês na época, era sobre deixar os desenvolvedores descobrirem o que querem fazer e, em seguida, eles informam o que farão.”
“Você só sabia o que a equipe estava fazendo nas fases de desenvolvimento alfa, ou às vezes no protótipo. Até então, você não sabia o que estavam fazendo. A SEGA tinha nove equipes trabalhando assim, e é algo que não acontece no mundo moderno”.
O reflexo de games como GTA também tiveram um impacto, segundo o executivo: “Apesar da polêmica inicial, esse era o caminho que a indústria estava trilhando. Mas nosso conteúdo era japonês, com espadas, ninjas, peixes ou fantasia. A gente já previa isso”, completa.
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