O renomado ator Tom Hanks, vencedor do Oscar por Philadelphia (1993) e Forrest Gump (1994), revelou no domingo passado que sua imagem foi explorada ilicitamente em um comercial de serviços odontológicos.
A empresa responsável pelo anúncio usou a técnica de deepfake para usar o rosto do ator. Caso você não saiba, deepfake é uma forma de inteligência artificial que coloca o rosto de outras pessoas em vídeos. Neste caso, a tecnologia foi usada para criar um vídeo em que Hanks divulga o serviço.
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Tom Hanks já expressou sua opinião sobre IA e deepfakes
Tom Hanks, muito inteligente, optou por não liberar o vídeo na íntegra, mostrando apenas um print do anúncio. Em sua descrição, ele esclarece que não mantém qualquer vínculo com a companhia em questão. A imagem divulgada mostra uma versão mais jovem do ator, com dentes visivelmente mais brancos, obviamente.
No print, que você pode ver abaixo, Tom Hanks explica: “Cuidado! Tem um vídeo por aí promovendo um plano odontológico com uma versão minha em IA. Não tenho nada a ver com isso.”
Tom Hanks já abordou anteriormente o avanço da inteligência artificial e da tecnologia de deepfake no setor criativo, declarando em um episódio do podcast “The Adam Buxton Podcast” que agora é viável para ele prosseguir com sua carreira artística mesmo após sua morte.
“Qualquer pessoa tem a capacidade de se recriar em qualquer fase da vida através da IA ou da tecnologia de deepfake. Se eu fosse atropelado por um ônibus amanhã, seria o fim para mim, mas as atuações poderiam persistir indefinidamente“, afirmou Hanks. “Desconsiderando o conhecimento sobre IA e deepfake, não haveria nada que indicasse que não sou eu em minha totalidade. E isso terá um certo nível de realismo. Isso é, sem dúvida, um desafio artístico, mas também é uma questão jurídica.“
Deepfake foi um dos motivos para a greve em Hollywood
Inclusive, esse tipo de manipulação tecnológica é uma das razões para a recente paralisação de atores e roteiristas em Hollywood. Desde 14 de julho, atores e roteiristas têm manifestado sua insatisfação com o uso potencial de IA na produção de filmes e séries. O receio entre os atores é que suas feições sejam digitalmente replicadas em múltiplos filmes.
Imagine um ator em começo de carreira sendo contratado para um único “dia de gravação”, durante o qual sua imagem seria digitalizada e posteriormente utilizada em inúmeras obras. O estúdio, nesse cenário, pagaria o ator uma única vez. Mas iria lucrar indefinidamente com a imagem do ator.
Tal método, uma variação do deepfake, poderia efetivamente encerrar as oportunidades para novos talentos, já que as produtoras poderiam coagir os artistas a aceitar acordos desvantajosos.
Algumas celebridades já proibiram o uso de suas imagens por IA
Naturalmente, celebridades de maior calibre seriam mais bem remuneradas. No entanto, essa abordagem poderia até permitir a produção de filmes com artistas já falecidos. Personalidades como Whoopi Goldberg e Madonna já se manifestaram contrárias a tal prática, proibindo o uso comercial de suas imagens.
Recentemente, Zelda Williams, filha do falecido ator e humorista Robin Williams, expressou seu desconforto ao ouvir a voz de seu pai em softwares de IA.
No que tange aos roteiristas, a apreensão reside na possibilidade de estúdios empregarem IA generativa para a criação de roteiros cinematográficos.
Fonte: Variety
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