Embora os smartphones high-end tendam a continuar custando em torno dos US$ 500, incorporando SoCs com múltiplos núcleos e com a possibilidade de rodar ambientes desktop e outros recursos avançados, a evolução dos SoCs está lentamente abrindo as portas para outra categoria: a dos superphones de baixo custo, também rodando versões atualizadas do Android e com telas grandes, porém usando SoCs menos avançados e sendo vendidos por uma fração do preço, a partir de US$ 99.
Atualmente, aparelhos de baixo custo são baseados em SoCs com processadores ARM9 ou ARM11, que oferecem uma experiência de uso bastante deficiente com o Android. Entretanto, a ARM pretende mudar isso a partir desse ano, com a disponibilidade de SoCs de baixo custo, baseado no Cortex A5, o caçula da família que inclui o Cortex A8 e A9.
Ele é um processador de baixo custo e baixo consumo, destinado a substituir os chips ARM9 e ARM11 nos dispositivos mais simples, abrindo as portas para a criação smartphones de baixo custo, mas que conservem um bom poder de processamento.
Do ponto de vista da arquitetura, ele é basicamente uma versão reduzida do Cortex A8, que mantém o mesmo conjunto de instruções, mas adota uma arquitetura mais simples, baseada em uma única unidade de processamento (single-issue), com um pipeline muito mais curto, de apenas 8 estágios. Essa mudança faz com que ele não seja capaz de atingir frequências de clock tão altas, mas em compensação seja muito menor e ofereça um consumo elétrico por ciclo muito mais baixo.
O Cortex A5 mantém o cache L1 de 64 KB (dois blocos de 32 KB para dados e instruções), mas abandona o uso do cache L2, já que o ganho de desempenho não compensaria o aumento no tamanho do chip. Por ser um processador single-issue e com um pipeline curto, o Cortex A5 não é tão dependente do cache quanto os dois irmãos mais velhos e a ideia central da arquitetura é justamente manter a simplicidade. Vale lembrar que os processadores ARM9 e ARM11 também não utilizam cache L2 e isso não compromete o desempenho.
Além de ser produzido em versões single-core, o A5 suporta também o uso de 2, 3 ou 4 núcleos (a escolha fica por conta do fabricante), o que o torna uma forte opção de processador multicore para smartphones, já que é menor e mais econômico que o Cortex A9.
Produzido usando uma técnica de 40 nm, cada Cortex A5 ocupa uma área de apenas 0.9 mm² (incluindo os 64 KB de cache L1), o que é menos de 4% do tamanho do Atom de 45 nm (que já é pequeno, com seus 25 mm²). Mesmo uma versão quad-core do A5 ocuparia apenas 6 mm² (incluindo os circuitos de apoio adicionais), o que seria ainda apenas um quarto da área do Atom. Uma área menor significa processadores mais baratos e mais espaço para incluir aceleradores e outros componentes diversos, resultando em SOCs mais completos.
A ARM espera que os primeiros aparelhos baseados no Cortex A5 cheguem ao mercado entre o final de 2011 e os primeiros meses de 2012, trazendo ao mercado aparelhos com um desempenho similar ao de muitos modelos atuais, porém por uma fração do preço.