Se comunicar com os mortos pode parecer algo reservado somente a filmes ou assuntos sobrenaturais/espirituais. Mas agora isso se tornou uma “realidade” (ênfase nas aspas). E não, não estou falando aqui de nenhuma técnica sobrenatural para tentar contato com os seres de outro mundo. Estou falando da proposta da empresa de tecnologia HereAfter AI, localizada na Califórnia, EUA.
A empresa pretende permitir a conexão entre os vivos e os mortos, criando uma versão digital de uma pessoa com a combinação de tecnologias de voz e inteligência artificial avançada.
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O app da empresa age como um biógrafo humano. Ao responder a uma série de perguntas, o usuário cria sua versão digital. As perguntas abrangem desde a primeira paixão até o prato preferido, passando por experiências que mudaram a vida.
A plataforma então categoriza e agrupa as respostas a respeito de infância, relacionamentos e personalidade, aperfeiçoando a representação virtual da pessoa. O episódio “Be Right Back” da série “Black Mirror” retrata algo semelhante.
O episódio retrata a história de uma jovem mulher cujo parceiro morre repentinamente. Ela acaba experimentando um serviço de tecnologia avançada que permite que as pessoas contatem os mortos, criando uma versão digital da pessoa a partir do material fornecido nas redes sociais.
A protagonista acaba se comunicando com o seu parceiro por ligações de áudio e posteriormente recebe uma versão física do marido feita de carne sintética. A história explora temas como a luta da protagonista em lidar com o luto, a natureza da vida e da morte e as implicações éticas e psicológicas da criação de seres humanos digitais.
Implicações éticas
A ideia de criar uma versão digital de uma pessoa após a sua morte tem sido objeto de discussão e debate na comunidade científica e tecnológica. Enquanto alguns vêem a possibilidade de manter vivas as lembranças e personalidades dos entes queridos que já se foram, outros questionam a ética e os impactos emocionais dessa tecnologia.
A ferramenta de “imortalidade digital”, como descrito no MIT Technology Review, permite que as pessoas enviem fotos, vídeos e documentos que ajudam a aprimorar a versão digital delas, permitindo que familiares e amigos possam ter acesso no futuro. No entanto, há preocupações quanto aos efeitos emocionais dessas conversas virtuais. Elas podem prolongar o luto e afastar as pessoas da realidade.
A complexidade ética de criar uma versão digital de alguém é ainda mais agravada pelo fato de que as personalidades digitais podem ser influenciadas e moldadas pelas informações fornecidas. Além disso, existe a preocupação de que essas versões digitais possam ser usadas de maneira imprópria, como para fins comerciais ou políticos.
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