A Microsoft está enfrentando acusações de adotar práticas desleais de concorrência ao dificultar o uso do Google Chrome como navegador padrão em sistemas operacionais Windows.
Segundo investigações conduzidas pelo site Gizmodo, uma atualização recente do Windows 10 e Windows 11 teria prejudicado funcionalidades específicas do Chrome, enquanto outros navegadores, como o Firefox, permaneceram inalterados.
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De acordo com a reportagem do Gizmodo, a atualização KB5025221 do Windows 10, lançada em abril, causou um comportamento incomum em sistemas corporativos. A página de aplicativos padrão começou a abrir toda vez que o Chrome era executado. Porém, isso acontecia apenas quando o navegador do Google estava configurado como padrão.
Por outro lado, o mesmo não aconteceu com o Firefox ou outros navegadores. Curiosamente, renomear o Chrome contornava o problema, sugerindo que a interferência era direcionada especificamente ao navegador do Google.
Para usuários domésticos, a questão se manifestou de forma diferente. O botão do Chrome que permite aos usuários definir o navegador como padrão parou de funcionar após a atualização. Enquanto isso, o botão equivalente no Firefox continuou funcionando normalmente. O Gizmodo conseguiu reproduzir e contornar o problema simplesmente renomeando o aplicativo Chrome em um desktop Windows.
Outros navegadores passam por problemas diferentes
Ao ser indagada sobre essas situações, a Microsoft não respondeu diretamente às perguntas sobre o assunto. Ao invés disso, a Gigante de Redmond compartilhou um link para uma postagem de blog sobre a abordagem da empresa para fixação de aplicativos e padrões no Windows.
Segundo a companhia, a publicação descreve a “abordagem de longa data da empresa para colocar as pessoas no controle de sua experiência no PC com Windows“.
A Mozilla, desenvolvedora do Firefox, também comentou a situação. Steve Teixeira, diretor de produtos da empresa, afirmou que os usuários do Firefox enfrentam rotineiramente obstáculos semelhantes no Windows, como pop-ups e avisos enganosos que sugerem que o Edge é mais seguro.
O Google confirmou o problema, mas não fez comentários adicionais. A empresa removeu o botão que permitia definir o Chrome como navegador padrão e isso resolveu o problema. No entanto, isso evidencia que a Microsoft pode ter tomado medidas para dificultar especificamente o uso do Chrome.
Microsoft já protagonizou práticas desleais no passado
Esse comportamento da Microsoft é parte de um padrão mais amplo na guerra contra navegadores que não sejam o Edge. O Chrome é o navegador mais popular do mundo, com uma participação de mercado de 66%.
Para mudar esse cenário, a Microsoft tem inserido anúncios de tamanho completo nos resultados de pesquisa quando os usuários procuram pelo Google Chrome, sugerindo que não há necessidade de mudar o navegador padrão. A empresa chegou a colocar anúncios do Edge no próprio site de download do Chrome.
Essa atitude da Microsoft remete ao comportamento monopolista que levou a empresa aos tribunais na década de 1990, quando o Departamento de Justiça dos EUA processou a Microsoft por seus esforços para sufocar a concorrência do Internet Explorer, navegador que a empresa aposentou no ano passado.
Fonte: Gizmodo