Em uma mudança que pode surpreender muitos consumidores, as compras online, famosas por seus preços competitivos, podem em breve perder essa vantagem em relação às lojas físicas.
Esta reviravolta é resultado de uma série de fatores econômicos e fiscais que estão afetando o setor de e-commerce, especificamente o Magazine Luiza, uma das maiores varejistas do Brasil.
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Retorno do Difal ICMS
Frederico Trajano, diretor-presidente do Magazine Luiza, anunciou recentemente que os preços no e-commerce da empresa provavelmente se tornarão menos atraentes do que os das lojas físicas.
Esta revelação, que pode parecer contraintuitiva em um mundo cada vez mais digital, é o resultado da retomada do Difal ICMS. Trata-se de um imposto que incide sobre as operações de compras interestaduais.
O Difal ICMS foi criado em 2015 com o objetivo de equilibrar a arrecadação de impostos entre os estados envolvidos no transporte de mercadorias. Antes da implementação deste imposto, a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ficava concentrada apenas no estado onde a empresa vendedora estava sediada.
Com a introdução do Difal ICMS, o imposto passou a ser dividido entre o estado de origem e o estado de destino da mercadoria. Afinal de contas, o estado de destino também arca com parte dos custos de transporte da mercadoria.
Imposto interestadual chega no melhor momento da varejista
A retomada deste imposto, que havia sido suspenso em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) até a publicação de uma lei complementar que regulamentasse a cobrança, ocorre em um momento crucial para o Magazine Luiza.
No primeiro trimestre de 2023, pela primeira vez, o volume de vendas no marketplace da empresa superou o das lojas físicas. Nesse cenário, a cobrança do Difal ICMS tem um impacto direto sobre a varejista.
A mudança nos preços foi anunciada durante a apresentação dos resultados financeiros do primeiro trimestre do ano. De acordo com Trajano, a retomada do Difal ICMS força o repasse de preços ao consumidor para as compras online. Isso significa que os preços cobrados no e-commerce podem não ser a melhor opção para os clientes, incentivando-os a pesquisar os valores nas lojas físicas.
Preços do Magazine Luiza vão aumentar nos próximos trimestres
No entanto, apesar do aumento dos preços, Trajano afirmou que o repasse do Magazine Luiza está abaixo dos concorrentes. Isso sugere que, embora os preços possam aumentar, eles ainda podem ser competitivos em relação a outras empresas de e-commerce.
Essa mudança de preços entre a loja física e online ainda não apareceu nos resultados do primeiro trimestre da companhia, mas Trajano prevê que ela deve surtir efeito nos próximos balanços. “Vejo potencial de que isso se materialize nos próximos trimestres”, disse. Não é nenhum absurdo pensar que outras varejistas possam seguir o mesmo caminho.
Essa notícia é um lembrete importante para os consumidores de que a conveniência do e-commerce pode ter um custo. Com a retomada do Difal ICMS, os clientes podem ter que pesar os benefícios e a comodidade da compra online contra os custos potencialmente mais altos.
Ainda assim, é importante lembrar que o e-commerce oferece uma série de vantagens além do preço. A facilidade de comparar produtos, a conveniência de comprar de casa e a possibilidade de acessar uma variedade maior de produtos são apenas algumas das razões pelas quais muitos consumidores preferem fazer suas compras online.
Fonte: Folha de S.Paulo
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