A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), fez uma revelação impactante na última terça-feira (26). Segundo a associação, os celulares irregulares, ou “piratas”, como são frequentemente chamados, já conquistaram 25% do mercado brasileiro de smartphones — um quarto do mercado.
No ano de 2023, esta situação se traduziu na venda de mais de seis milhões — exatos 6,2 milhões de telefones móveis — que, para agravar a situação, entraram no país sem a devida contribuição tributária.
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A entidade expressa grande inquietação ao declarar estas informações. “A fiscalização que temos em fronteira não está sendo suficiente para coibir este gravíssimo problema”, afirmou categoricamente o presidente Humberto Barbato, evidenciando um cenário onde as medidas atuais estão longe da eficiência necessária.
“Consumidor é o maior prejudicado”
Ainda segundo o líder da Abinee o “consumidor é o maior prejudicado”. O argumento central é o fato de que esses consumidores acabam se deparando com problemas significativos relacionados à segurança dos dispositivos e enfrentam um vácuo completo no que concerne à assistência técnica, uma vez que os produtos não possuem garantia de suporte pós-venda. “Nossas autoridades precisam tomar uma medida mais drástica.”, enfatizou o presidente, clamando por um esforço maior na repressão desse tipo de comércio.
Importante salientar que a Abinee não é uma representante qualquer; ela faz a voz de fabricantes de renome no setor de eletroeletrônicos, entre eles gigantes globais como Apple, Samsung e Motorola — as três principais marcas de smartphones presentes no Brasil.
É uma verdadeira batalha de gato e rato que a entidade vem travando contra a entrada incessante de smartphones ilegais, uma disputa que já se arrasta por um considerável período de tempo, mostrando que essa é uma luta de resistência e persistência muito além do que seria ideal.
Redmi Note 12 é o aparelho preferido no mercado cinza
Nesse contexto, Luiz Carneiro, ocupando a posição de diretor de dispositivos móveis, pontuou que o modelo Redmi Note 12 destaca-se como o campeão de popularidade no controverso mercado cinza.
A atração principal nessa área de comercialização ilegal são os descontos astronômicos que podem alcançar patamares de até 50% em relação aos preços praticados oficialmente pelas marcas. Além disso, não é apenas a Xiaomi com o seu Redmi que marca presença; há um crescimento notório de produtos de outras marcas asiáticas emergentes no setor, como a Realme e a Oppo, que também começam a ganhar terreno no mercado brasileiro através desse caminho.
Um ponto crucial é como esses produtos chegam ao Brasil. As rotas mais comuns percorrem a vasta fronteira que o Brasil compartilha com o Paraguai. Uma vez dentro do país, tais dispositivos encontram o seu caminho para as mãos dos consumidores predominantemente através de plataformas online, as quais, segundo a perspectiva da Abinee, compartilham da responsabilidade pelo contrabando.
Além disso, a organização fez questão de frisar um detalhe técnico de grande importância: os aparelhos não contam com a chancela da Anatel. Isto significa que os aparelhos não foram homologados pelo órgão regulador, processo que é exigido para que um dispositivo possa ser comercializado legalmente no país. Geralmente, essas versões que chegam ao Brasil são as denominadas “globais”, originárias da China, e que não contemplam as especificações e adequações técnicas para o mercado nacional.
Comércio ilegal superou as expectativas
Em dezembro do ano passado a Abinee veio a público revelar que o Brasil estava prestes a bater um recorde indesejado no quesito de vendas de celulares irregulares. Originalmente, a previsão ventilada girava em torno de 21%, mas, para consternação geral, o número final provou ser ainda superior.
Projeta-se que com este comércio ilegal, o governo federal deixará de arrecadar cerca de R$ 4 bilhões somente no ano de 2024. E vale ressaltar, este montante refere-se exclusivamente ao âmbito federal, não incluindo as perdas associadas ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de competência estadual.
Por fim, cabe mencionar que a diretoria da Abinee é composta por representantes das mais destacadas empresas do ramo, incluindo, mas não limitando-se a, Apple, Bosch e Samsung. A lista de membros é grande e inclui muitas outras empresas. Juntas, elas dão ideias importantes para as decisões estratégicas da entidade.
Fonte: G1
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