O governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Joe Biden, acaba de anunciar um plano ousado para trazer a produção de chips de volta para solo americano. Com um investimento federal de US$ 52 bilhões, o objetivo é garantir a segurança nacional e diminuir a dependência do país em relação à China, líder global na fabricação de semicondutores.
Mas o plano de incentivos é bem controverso. Ele possui uma exigência inédita para as empresas que serão beneficiadas com os incentivos: compartilhar os lucros com o governo americano. Nos próximos parágrafos eu conto mais um pouco sobre essa história.
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Exigências controversas
Foi estabelecido que as empresas que receberem mais de US$ 150 milhões em financiamento direto terão que compartilhar uma porcentagem dos lucros excedentes com o governo dos EUA.
Segundo o Departamento de Comércio americano, essa porcentagem será usada para construir creches acessíveis ou moradias populares para os trabalhadores que vão participar do processo de montagem das fábricas. Além disso, as empresas também devem aceitar uma fiscalização permanente por parte do governo e seguir regras de transparência quanto ao seu fluxo de caixa.
Mas ainda há outras exigências. As companhias que receberem esse financiamento federal não podem usar o dinheiro para pagar dividendos ou fazer recompra de ações ao longo de cinco anos. Tais exigências visam garantir que o dinheiro seja realmente investido no desenvolvimento e fabricação de semicondutores.
O plano de incentivos divide opiniões
O senador democrata Jack Reed elogiou as exigências do governo Biden. O político afirmou que “não se trata de um dinheiro gratuito para grandes empresas de tecnologia multinacionais. Não há desvantagem para elas, pois só precisam compartilhar parte dos lucros futuros se saírem muito bem no mercado”.
Por outro lado, o presidente republicano do Comitê de Ciência da Câmara, Frank Lucas, criticou a iniciativa, afirmando que ela extrapola o que foi combinado com o Congresso:
“O Departamento de Comércio está se concentrando menos na necessidade urgente de produção de chips e mais na tentativa de impor sua agenda trabalhista a essa indústria crítica”.
A medida é vista como uma tentativa de diminuir a dependência dos EUA em relação à China, que é líder global na fabricação de chips. O governo Biden espera que esse plano de incentivos desperte o interesse das empresas de chips a produzirem mais nos Estados Unidos, garantindo a segurança nacional e criando empregos no país.
Entenda mais sobre o plano de incentivo dos EUA
Com um investimento federal de US$ 52 bilhões, o programa criado pela lei CHIPS and Science Act visa ampliar a capacidade tecnológica do país no segmento de semicondutores. Na prática, trata-se de mais uma “batalha” na atual guerra comercial entre Estados Unidos e China.

A primeira rodada de investimentos é voltada para projetos de construção, expansão ou modernização de instalações industriais para a produção de semicondutores. Empresas que pretendem abrir novas fábricas em território americano estão aptas a se inscreverem no programa.
Apesar do grande incentivo fiscal, o governo avaliará as aplicações rigorosamente. Será levado em conta aspectos como a viabilidade comercial e estabilidade financeira das companhias.
Nos próximos meses, será liberado a parte do fundo voltada para a aquisição de matéria-prima, equipamentos e desenvolvimento das fábricas, fortalecendo ainda mais o setor de semicondutores no país.
O objetivo do governo americano é bater de frente com empresas como a TSMC. Embora Intel e AMD sejam grandes, a taiwanesa TSMC é definitivamente o nome a ser batido nesta guerra.
Fonte: Reuters