A incessante demanda por tecnologias mais avançadas e eficientes tem incentivado um grande número de cientistas ao redor do mundo a se debruçarem sobre o desafio de criar baterias que não apenas tenham uma maior capacidade energética, mas que também sejam capazes de ser recarregadas num piscar de olhos.
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Baterias de sódio em detrimento das de lítio
Foi com este propósito que pesquisadores da Coreia do Sul iniciaram um ambicioso projeto para transformar radicalmente a maneira como as baterias são recarregadas. A escolha desses cientistas recaiu sobre um elemento bastante abundante no planeta: o sódio (Na), elemento químico amplamente mais presente na crosta terrestre do que o lítio (Li), componente central das baterias mais populares dos nossos dias.
Baterias de íons de sódio surgem como opção mais econômica e acessível, com o sódio sendo obtido até mesmo das águas do mar, em contraste com o lítio, cuja produção é limitada a poucos países como Austrália e Chile, mas também presente em Argentina e Brasil.
No entanto, deve-se reconhecer que as baterias de sódio disponíveis hoje no mercado ainda enfrentam limitações significativas. Elas demoram mais para serem recarregadas e armazenam uma quantidade de energia inferior quando comparadas às suas contrapartes de lítio. Consciente desses obstáculos, o Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) tem canalizado seus esforços para desenvolver soluções inovadoras que possam superar essas barreiras.
Melhorando as baterias de sódio
A equipe liderada pelo professor Jeung Ku Kang, formulou uma abordagem engenhosa ao combinar o ânodo tradicional de uma bateria de sódio com um cátodo confeccionado a partir de um material especial. O resultado? Uma bateria de sódio cujo desempenho quanto ao armazenamento de energia se aproxima daquele proporcionado pelas baterias de lítio.
Durante os testes realizados em ambiente laboratorial, estas baterias de sódio mostraram uma resiliência impressionante, mantendo-se operacionais após milhares de ciclos de recarga. Algumas evidências sugerem que elas podem até ultrapassar a durabilidade das baterias de lítio que equipam os dispositivos eletrônicos atuais.
O aspecto talvez mais surpreendente desta inovação reside na velocidade com que as baterias de sódio podem ser recarregadas. As descobertas dos pesquisadores indicam que estamos diante de uma bateria de sódio capaz de alcançar uma potência de recarga até 30 vezes superior àquela oferecida pelas baterias de lítio.
Traduzindo essa vantagem em termos práticos: um dispositivo que atualmente leva cerca de uma hora para atingir a carga completa poderia, no futuro, ter sua bateria completamente recarregada em meros dois minutos ou até menos.
Quando chega ao mercado?
Calma, calma… Não priemos cânico…. A experiência de cobrir tecnologia por mais de 10 anos me mostrou que muitas novidades em pesquisa de baterias não superam os desafios técnicos e financeiros para chegar ao consumidor. Isso pode acontecer com a pesquisa do KAIST. Para que a nova bateria de sódio chegue ao mercado, ela precisa passar por mais testes e obter aprovações regulatórias.
Contudo, a situação aqui pode ser um pouquinho diferente. Afinal, a tecnologia não é totalmente nova. É uma grande melhoria em uma tecnologia de bateria que já conhecemos bem. Além disso, o sódio custa menos que o lítio. Isso dá um bom motivo econômico para as empresas pensarem em usar essa nova tecnologia.
No momento, as baterias de lítio são as mais usadas e vão continuar assim por um bom tempo. Mas podemos sonhar com um futuro não tão distante onde as baterias de sódio serão tão populares quanto as de lítio. A pesquisa do professor Kang pode abrir caminho para as baterias de sódio. Elas poderão ser usadas em muitos dispositivos, de celulares a carros elétricos. Independente disso, cada vez mais nós somos dependentes de baterias.
Fonte: Interesting Engineering
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