A crise ambiental e, principalmente, o papel da tecnologia nessa história é algo que vem sendo discutido no mercado há algum tempo. Muitas empresas já vêm trazendo opções de soluções para diminuir poluição e lixo eletrônico como forma de evitar mais danos ao meio ambiente e atualmente foi comprovado que a troca constante de celulares é um grande vilão nessa batalha.
Durante o Mobile World Congress (MWC 2023), um dos temas mais destacados foi justamente a sustentabilidade da telecomunicação, e um dos pontos mais focados foi como criar uma economia circular para os aparelhos, principalmente celulares, evitando assim acúmulos desnecessários.
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O MWC 2023 é um ótimo palco para o assunto, já que é uma das principais feiras de tecnologias mundiais, com a presença de muitas empresas grandes mostrando suas novidades para o público. No evento estava também a GSMA, que é a entidade que integra as operadoras de rede móvel de todo o mundo.
Eles revelaram um estudo que comprovou que se houvesse um aumento de mais um ano na vida útil dos celulares, isso seria o equivalente a redução de 21,4 milhões de toneladas de gás carbônico. Na prática teria o mesmo efeito de retirar 4,7 milhões de carros das ruas em termos de poluição.
De acordo com o relatório, a adoção de um “modelo de negócios mais circular” poderia ser a respostas tanto para diminuir esses impactos ambientais e sociais que se mostram bem negativos quanto para ajudar a criar um novo mercado e também novos empregos.
Isso porque grande parte do impacto que esses aparelhos causam não é quando estão nas mãos dos consumidores ou nas caixas das lojas e sim antes disso, no seu processo de criação, produção e logística. Segundo eles, essas etapas compreendem 80% desse impacto.
Steven Moore, chege de ação climática da GSMA falou um pouco sobre o tema, revelando que:
“Em média, um telefone tem algo como 1.300 componentes. É um eletrônico extremamente complexo e há uma enorme cadeia de suprimentos que precisa ser alinhada.”
Ele é uma das pessoas que estão em busca de uma economia mais circular para os aparelhos, e atualmente é líder de uma força tarefa nesse intuito que já conta com 20 operadoras de telefonia parceiras. O que eles pretendem é que, até o ano de 2050, os celulares sejam fabricados com materiais 100% recicláveis e com energia renovável, assim nenhum aparelho acabará no lixo, só será reintegrado.
Eles já estão analisando esse impacto dos celulares no meio ambiente há cerca de 18 meses e Steven revelou que já estão prontos para partir para atitudes mais práticas. Inclusive foi durante a MWC 2023 que eles tiveram sua primeira reunião sobre o tema.
Iniciativas para ajudar o meio ambiente
Uma das iniciativas primárias reveladas pela GSMA no evento é aumentar a coleta de celulares velhos para que eles possam ser reciclados. Além disso, eles também querem fazer com que as fabricantes possam tornar esses aparelhos mais fáceis de serem consertados, o que pode ajudar com que os usuários passem mais tempo com eles e diminua consideravelmente a quantidade de aparelhos jogados fora antes do tempo.
Segundo Steven, hoje em dia ainda não existe nenhum celular no mercado que esteja em um patamar ideal de acordo com essas intenções, mas que já é possível ver uma melhora. Algumas empresas já estão de fato se preocupando com isso, como é o caso da Nokia, que anunciou no ano passado o programa Circular para que os assinantes possam devolver os smartphones para a empresa para garantir reciclagem e um descarte correto.
Steven também citou as duas maiores fabricantes de smartphones no mundo, a Apple e a Samsung, e suas promessas na área.
“A Apple divulgou que cerca de 20% dos conteúdos em seus dispositivos são reciclados, e se comprometeram a usar 100% de energia renovável na sua cadeia de suprimentos até 2030 e criar um telefone livre de carbono até lá. A Samsung não foi tão ambiciosa, mas se comprometeu a usar uma linha de montagem com energia 100% renovável.”
E mesmo saindo um pouco do universo das grandes fabricantes, ainda é possível destacar algumas novidades mesmo que mais desconhecidas mas que merecem ser vistas como o Fairphone, que foi apresentado por uma startup e consiste em um smartphones que pode ter suas peças substituídas para manutenção ou para que ele dure por muito tempo. Ele é construído em grande parte com materiais reciclados.
Por fim, Steven também falou sobre outra solução que pode ajudar nessa solução, que é um aumento na vida útil do aparelho em termos de software. Isso porque hoje em dia muitos celulares deixam de receber atualizações depois de 3 ou 4 anos.
“O hardware [memória, capacidade de processamento e afins] não tem evoluído tanto a cada ano. Acho que podemos incentivar as pessoas a permanecerem com seus telefones por mais tempo se elas souberem que podem continuar melhorando suas funcionalidades. Já ficamos com nossos celulares por mais tempo. Antigamente, a média era substituir a cada dois anos. Subiu para três.”
Fonte: GSMA
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