Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC) anunciaram um avanço impressionante no campo do armazenamento de dados: a codificação de informações em diamantes, atingindo uma densidade de 1,85 TB/cm³ (1,85 terabytes por centímetro cúbico). A pesquisa, publicada na Nature Photonics, não só supera os limites atuais de densidade de armazenamento, mas também promete durabilidade e eficiência incomparáveis.
Para efeito de comparação, discos rígidos avançados chegam a aproximadamente 1 terabyte por centímetro cúbico, enquanto discos Blu-ray possuem densidade semelhante e maior durabilidade. No entanto, o método desenvolvido pela USTC oferece densidade superior e resistência excepcional, com dados armazenados em diamantes potencialmente durando milhões de anos.
Como funciona o armazenamento em diamantes
Os cientistas usaram centros de vacância de nitrogênio (NV – em inglês) – defeitos na estrutura cristalina onde átomos de carbono são substituídos por nitrogênio ao lado de espaços vazios. Esses centros apresentam propriedades fluorescentes que permitem o armazenamento de dados quando estimulados por lasers de alta precisão.
A técnica oferece não apenas maior densidade, mas também escrita ultrarrápida, com tempos de gravação de até 200 femtossegundos (1 femtossegundo equivale a um quadrilionésimo de segundo). Além disso, os pesquisadores garantem que os dados permanecem legíveis por pelo menos 100 anos, mesmo sob condições extremas de até 200°C.
“O armazenamento não requer nenhuma manutenção (como controle de temperatura e umidade, etc.) e não gera consumo de energia para armazenamento de dados”, explica a USTC.
Primeira aplicação: arte gravada em diamantes
Para demonstrar o potencial da tecnologia, a equipe chinesa gravou o famoso trabalho de fotografia em sequência Galloping Horses de Eadweard Muybridge, de 1878. Usando um método de empilhamento tridimensional, cada quadro ocupou uma área de aproximadamente 90×70 micrômetros quadrados no diamante.
O processo foi realizado com diamantes de apenas alguns milímetros, mas os pesquisadores acreditam que a tecnologia pode ser escalada para aplicações maiores e mais práticas.
Diamantes no futuro da tecnologia
O armazenamento de dados não é a única aplicação tecnológica promissora para diamantes. Grandes empresas como a Amazon Web Services (AWS) estão explorando o uso de diamantes para redes quânticas, enquanto cientistas japoneses investigam seu potencial como semicondutores.
A ideia de usar diamantes como memória de alta densidade remonta a 2016, quando pesquisadores do City College of New York demonstraram um conceito inicial, mas sem alcançar densidades significativas. Agora, a equipe da USTC elevou a pesquisa a um novo patamar, tornando o armazenamento em diamantes uma possibilidade tangível.
Com avanços contínuos, diamantes podem se tornar o novo padrão de armazenamento, oferecendo soluções duradouras e de alta eficiência para as crescentes demandas por dados no mundo moderno.
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