Como você já deve estar “careca” de saber o governo norte-americano costuma sempre criticar as empresas que criam métodos de proteção para os dados de seus usuários que sejam imunes as próprias “skills” do fabricante, já que além deixar o usuário mais “solto” acaba dificultando o andamento de investigações que necessitem a quebra de sigilo nesses dispositivos.
Em dezembro de 2015 um tiroteio que aconteceu em San Bernardino na Califórnia, acabou causando 14 mortes e 22 gravemente feridos. Durante a situação o casal Syed Rizwan Farook e Tasfeen Malik responsáveis pelo ataque foram mortos pela polícia. Antes do atentado o casal de terroristas tentou destruir qualquer indício digital que os incriminasse, quebrando smartphones e discos rígidos. Porém o FBI conseguiu recuperar o iPhone 5c que pertencia a Syed Rizwan Farook. E é partir disso que a guerra entre governo x fabricantes reinicia.
Ontem (17) a juíza Sheri Pym ordenou que a Apple colabore com FBI nas investigações, e claro que essa colaboração está ligada a quebra de segurança do aparelho para que os dados possam ser acessados. Os promotores apontam que algumas informações na conta iCloud de Farrok indicam que possa ter estabelecido contato com algumas das vítimas do ataque.
Tim Cook, CEO da Appe, através de uma carta aberta deixou bem claro que não irá colaborar com as investigações, já que acredita que o que está sendo pedido pelas autoridades possa virar uma grande bola de neve de problemas ligados a segurança:
Tim Cook
Cook explica que o governo americano praticamente pediu para que fosse criado um backdoor para o iPhone, e que quando esse software caísse nas mãos das agências, qualquer criptografia protegida por um código de quatro dígitos possa ser quebrada (e já sabemos com as agências americanas lidam com a espionagem do mundo inteiro).
O FBI requisitou uma espécie de versão alternativa do iOS que conte com alterações cruciais, como permitir que a agência possa inserir a senha através de uma conexão física do iPhone ou através de protocolos como Bluetooth e Wi-Fi, e desabilitar o recurso que apague os dados do usuário caso a senha incorreta seja digitada muitas vezes.
91% dos americanos concordam com os Backdoors plantados por agências como a NSA
ONU propõe que a criptografia e o anonimato na internet seja um direito
Cook também afirma que a Apple já colaborou com as investigações do caso de San Bernadino em outras ocasiões, porém com nada tão grave como o que está sendo requisitado. A repercussão sobre esse assunto está sendo bem grande e outros nomes de peso já começaram a se pronunciar sobre a situação. Confira abaixo as declarações de Sundair Pichai, CEO do Google , Jan Koum, co-criador do WhatsApp, e até do John McAfee, fundador do Antivírus McAfee que inclusive se ofereceu para contribuir com o desbloqueio do aparelho.
O post de Tim Cook é importante porque “forçar companhias a permitir o hacking poderia comprometer a privacidade dos usuários” – Sundair Pichai
“Eu sempre admirei Tim Cook pelo seu posicionamento sobre privacidade e dos esforços da Apple para proteger os dados dos usuários e eu não poderia concordar mais com tudo o que foi dito na carta” – Jan Koum
“Então aqui está a minha oferta para o FBI. Vou, de forma gratuita, descriptografar as informações no telefone San Bernardino, com a minha equipe. Usaremos principalmente a engenharia social, o que levará três semanas. Se vocês aceitarem a minha oferta, então não vão precisar de pedir à Apple para colocar uma porta dos fundos no seu produto, o que será o começo do fim da América” – John McAfee
A Justiça dos EUA deu cinco dias para que a Apple forneça a assistência necessária aos investigadores do FBI. Esse tem que ser tratado como uma vitrine do que podemos enfrentar daqui pra frente em relação a segurança e privacidade das informações, já que novos métodos implantados que causam uma certa neutralidade poderão ser derrubados.
Qual a sua opinião sobre esse caso? Deixe seu comentário abaixo.