O engenheiro colombiano Wilmer Becerra, que acabou viralizando na internet com vídeos que mostram o processo de reparo de dispositivos da Apple, como o iPhone, foi notificado extrajudicialmente pela companhia. Becerra é dono da Wiltech, rede de assistência técnica presente em nove países da América Latina que acumula mais de 12 milhões de seguidores nas redes sociais.
Em vídeo na sua conta no Tik Tok, Becerra compartilha o processo de reparo do iPhone, iPad, MacBook, entre outros gadgets. Seu conteúdo ganhou relevância e confiança perante aos consumidores porque Becerra é conhecido por realizar reparos rejeitados por serviços oficiais de assistência técnica associados à Apple.
Segundo o técnico, em declaração à Folha de S.Paulo, uma das diretrizes da Apple para parceiros autorizados é não fazer o reparo em peças com defeito e sim trocá-las. “Alguns deles (os clientes) me disseram: ‘Fui até a Apple, e o custo do conserto, se fosse possível, seria quase o mesmo preço de um novo dispositivo’. Foi então que percebi que havia um nicho de mercado não atendido, pessoas que procuravam soluções viáveis. Dado o alto valor desses dispositivos, não era uma questão de simplesmente descartá-los e comprar um novo“, destaca Becerra.
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Os aparelhos rejeitados por esses parceiros autorizados caem nas mãos da equipe de Becerra que então realiza o serviço, provando ser possível a manutenção. “A Apple quer que a gente só compre aparelhos novos. Isso é um problema para o meio ambiente“, destaca o técnico.
Dado esse modo de atuação, aliado a repercussão de seu conteúdo nas redes, o colombiano de 35 anos chegou a ser pressionado pela Apple. Em agosto, ele foi notificado pela companhia. Alegou ter recebido um comunicado de representantes legais da Apple, exigindo que ele se abstivesse de usar seus logotipos, que não se passasse por um serviço autorizado e que também não oferecesse suporte aos seus produtos.
Becerra se manifestou em suas redes sociais: “O proprietário de um iPhone não é autônomo na decisão de onde reparar os equipamentos que possui? […] Neste mundo tão saturado de lixo eletrônico, oferecer uma alternativa para dar vida a um aparelho e evitar que ele seja jogado no lixo e polua é errado?”
O técnico também pontuou que há muito tempo deixou de usar o logo da Apple, que não se passava por um serviço de reparo autorizado e que não irá deixar de fazer seu trabalho.
Em declaração ao Semana.com, o técnico disse que alguns advogados o aconselharam, muitos deles afirmaram que não era algo muito sério e complicado. “Outros me disseram que era uma simples declaração, e não um aviso antes de um processo judicial como tal. Mas respondi-lhes defendendo-me daquilo de que me acusam: disse-lhes que já não uso o logótipo da Apple e que as fotos que aparecem são antigas”, completou.
A repercussão do posicionamento de Becerra nas redes sociais também fez com que o tom adotado pela Apple mudasse ao longo do tempo. As conversas se tornaram mais amigáveis e nenhuma ação judicial foi formalizada. A empresa chegou a enviar um formulário de inscrição ao técnico para que ele se torne um representante autorizado ou um reparador independente na Colômbia.
Becerra diz que já enviou todos os documentos de sua empresa e que agora está aguardando a conclusão por parte da Apple.
Estrategicamente, estar na posição de um representante autorizado para reparo facilitaria o acesso às peças. No entanto, Becerra diz que, caso não seja aprovado, pouco afetará o seu negócio, já que ele seguirá normalmente seu trabalho com a Wiltech, tendo o cuidado de sempre destacar aos seus clientes que não é um represente autorizado da Apple.
O técnico também está preparando o lançamento da Wiltech Academy, plataforma que oferecerá cursos de reparo para o iPhone.
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