Os Correios enfrentaram um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões nos primeiros nove meses de 2024, um aumento significativo em relação ao resultado negativo de R$ 824 milhões registrado no mesmo período de 2022. Somente no trimestre encerrado em setembro, a estatal acumulou um déficit de R$ 785 milhões, superando com folga os R$ 89 milhões de prejuízo do terceiro trimestre do ano anterior.
Impacto das mudanças no imposto de importação
Uma das razões para o desempenho financeiro negativo é a queda nas operações internacionais, conhecidas como cross border, especialmente após o fim da isenção do imposto de importação, conhecido como “taxa das blusinhas” para compras de até 50 dólares em sites estrangeiros, como Shein e AliExpress. A mudança entrou em vigor em agosto e já afetou significativamente a receita da estatal.
Entre julho e setembro de 2024, os Correios registraram faturamento de pouco mais de R$ 1 bilhão em postagens internacionais, uma queda de quase R$ 200 milhões em relação aos R$ 1,3 bilhão registrados no mesmo período do ano passado. Esse declínio reflete uma redução no volume de compras internacionais pelos consumidores brasileiros. A implementação dessa taxa reduziu as importações em cerca de 40%.
Nos nove primeiros meses de 2024, a receita total com operações cross border foi de R$ 3,1 bilhões, abaixo dos R$ 3,3 bilhões obtidos no mesmo período de 2023.
Cenário desafiador para os Correios
Além da queda nas receitas internacionais, os Correios enfrentam um panorama de mudanças no mercado logístico e concorrência acirrada com empresas privadas. A combinação de fatores externos, como a nova tributação de importados, e internos, como a necessidade de modernização e eficiência operacional, coloca desafios significativos para a recuperação financeira da estatal.
Com o aumento do déficit, a sustentabilidade econômica da empresa segue como uma incógnita, especialmente diante do debate sobre privatização e mudanças estruturais que podem impactar o futuro dos Correios.