A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oficializou nesta segunda-feira (12) a chegada de Carlo Ancelotti ao comando da Seleção pentacampeã do mundo. O treinador italiano, atualmente no Real Madrid, desembarca no Brasil no dia 26 de maio, logo após seu compromisso final com o clube espanhol contra a Real Sociedad. O vínculo firmado com a CBF vai até o encerramento da Copa do Mundo de 2026, com possibilidade de renovação até o ciclo de 2030.
A maior Seleção da história do futebol agora será liderada pelo técnico mais vitorioso do mundo. Carlo Ancelotti, sinônimo de conquistas históricas, foi anunciado nesta segunda-feira (12) pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, como o novo técnico da Seleção Brasileira. Ele… pic.twitter.com/grw3Rb1BmL
— CBF Futebol (@CBF_Futebol) May 12, 2025
Um treinador de pessoas antes de ser estrategista
Mais do que traçar esquemas táticos ou definir escalações, Ancelotti, assim como qualquer outro técnico no mundo, precisa lidar diretamente com a gestão de pessoas. Saber lidar e gerir as mais variadas personalidades – e egos – dos jogadores.
Parte dessa administração, passa por entender o comportamento em meio a uma era em que todos estão conectados o tempo inteiro, o técnico tem demonstrado preocupação crescente com o impacto dos smartphones no ambiente dos vestiários.
No ano passado, o técnico declarou que os smartphones se tornaram um problema dentro do vestiário do Real Madrid. Ao proibir o uso dos aparelhos durante os momentos de concentração, o técnico disse, com ironia e firmeza: “Estou cansado de ver seus celulares no vestiário. A partir de agora, não haverá mais.” A reação dos jogadores foi de surpresa — mas a regra ficou.
Incomodo de longa data
O incômodo de Ancelotti com a relação dos atletas com o uso desenfreado da tecnologia não é novo. Em 2016, ainda no comando do Bayern de Munique, ele já falava em “vício” e no que chamou de “a solidão do smartphone”. Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung, o italiano destacou como os jogadores passaram a se isolar digitalmente, reduzindo o contato humano até mesmo nas concentrações da equipe.
“Alguns ficam três horas seguidas na frente da tela. Hoje só se fala quando estamos comendo juntos. Antes jogávamos cartas, futebol de mesa… nos conectávamos de verdade”, lamentou o treinador.
Nomofobia
Você sabia que existe até um tipo especifico de fobia que representa o medo ou a angústia de ficar sem acesso ao telefone celular? O termo é nomofobia. Uma abreviação de “no mobile phone phobia”. Trata-se de uma condição psicológica ligada à dependência digital, cada vez mais comum em sociedades hiperconectadas.
Uma pesquisa divulgada no ano passado revelou que 60% dos brasileiros sentem ansiedade quando não estão com seus celulares. O levantamento mostra ainda que 87% se consideram dependentes de seus smartphones para suas atividades diárias, o que mostra o papel central dos celulares no estilo de vida da população.
A tecnologia como um agente de mudança na dinâmica dos jogadores
O impacto das redes sociais no convívio em grupo é um tema sensível para Ancelotti. Segundo ele, o smartphone substituiu até mesmo a relação com os próprios colegas de equipe. “As redes se tornaram mais importantes que os companheiros”, declarou. Por isso, passou a evitar longos períodos de concentração, permitindo que os atletas fiquem com suas famílias e, talvez assim, reconectem-se fora das telas.
Disciplina, respeito e cumprimento das regras
Apesar de ser visto como um técnico afável e tranquilo, Ancelotti deixa claro que impõe limites quando necessário. “Disciplina, respeito e cumprimento das regras são valores importantes para mim”, afirma. Ele evita o autoritarismo, mas não hesita em colocar ordem — especialmente quando a tecnologia ameaça invadir espaços que antes eram regidos por uma convivência mais próxima entre pessoas, sem a tela como um separador.
