Teste revela como undervolting reduz consideravelmente o consumo da RTX 4090 sem sacrificar demais o desempenho

Por: William R. Plaza

Em matéria de hardware, principalmente quando falamos de placas de vídeo, processadores e memórias, o tema overclock sempre tem vez, mas o oposto não é tão falado pelo grande público, inclusive muitos desconhecem o undervolting, que, em determinados casos, pode representar uma queda considerável do consumo sem sacrificar agressivamente o desempenho.

Este é o caso de um teste conduzido pela QuasarZone, que publicou um estudo interessante sobre o consumo de energia da RTX 4090, que ganhou os holofotes por sua performance brutal e os casos de superaquecimento dos conectores que a alimentam, que, segundo a conclusão da NVIDIA, é causado pelo mal encaixe do conector por parte do usuário.

A QuasarZone colocou à prova os seguintes cenários de teste. Mostrar o que a placa exige de consumo e entrega em performance no modo de fábrica, sem qualquer alteração que reduza suas capacidades, e em um panorama em que o carro-chefe da série RTX 40  tem uma limitação de potência estabelecida (Power Limit), um ajuste mais simples, bastante utilizado por iniciantes na arte dos controles manuais das configurações da placa de vídeo, e em undervolting, ou seja, diminuir a tensão de operação da GPU, prática que exige um ajuste mais aprimorado.

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Os softwares de benchmarks sintéticos foram deixados de lado, o teste se concentrou no que a placa pode oferecer em games. 5 jogos foram utilizados para chegar a conclusão do estudo: Cyberpunk 2077 (DX12), Marvel Spider-Man Remastered (DX12), Forza Horizon 5 (DX12), Lost Ark (DX11) e PUBG Battlegrounds (DX11). Todos os jogos foram testados em 4K e nas configurações de qualidade mais altas.

O modelo da RTX 4090 utilizada para o teste é o Founders Edition, versão de referência, lançada pela própria NVIDIA. A bancada de testes foi complementada pela placa-mãe ASUS ROG Maximus Z790 Extreme, processador Core i9-13900K, watercooler Enermax LIQFUSION 360 ARGB, memória, 32 GB (16 GB x 2) DDR5 7.400 MHz / CL38, SSD WD Black SN750 de 1 TB, fonte Enermax MaxTytan de 1250W, monitor Samsung UE32J590, driver NVIDIA 526.98 e o Windows 11 Pro 22H2. Todos os ajustes, em prol de limitar a capacidade da placa, foram realizados no popular MSI Afterburner.

Com a placa no modo padrão, o consumo médio foi de 347W. Com o Power Limit definido em 90%, consumo cai para 340W e a performance é reduzida em menos de 1%. Com um Power Limit a 60%, o máximo de restrição em que a QuasarZone colocou a placa à prova, o consumo cai para 268W e a perda de performance fica inferior a 7%.

Em undervolting os testes se mostram ainda mais otimistas na relação de redução do consumo x performance. Ao reduzir a tensão de 1V para 0,95V, caindo o consumo de 323W para 289W, a perda de desempenho é de cerca de 1%. Falando especificamente do undervolting, é um tipo de ajuste que passa por algumas tentativas e erros, até encontrar o ponto ideal da tensão sobre um clock mais elevado que seja aceito de forma estável pela aplicação que está sendo executada.

No teste da QuasarZone a melhor situação, em termos de aumento de clock, foram os 2.850 MHz com uma tensão de 1.000 mV. Cerca de 130 Mhz de clock de operação acima do modelo padrão. A margem estável do clock de operação diminui conforme a tensão pretendida é menor.

Gráficos dos 5 jogos testados – consumo e média de FPS

Cyberpunk 2077

Marvel Spider-Man Remastered

Forza Horizon 5

Lost Ark

PUBG Battlegrounds

Pode soar inaceitável para alguns a ideia de ajustar um produto absurdamente caro para baixo, reduzindo qualquer ponto da performance geral. Este argumento é completamente compreensível.

O interessante do teste é mostrar como, numa questão estratégica, o undervolting pode ser uma tática tão interessante como o sempre falado overclocking, e também mostra que a NVIDIA, nesta geração, preferiu seguir completamente a linha de espremer ao máximo o desempenho da GPU AD102. Com uma leve alteração no projeto, a placa teria ainda um desempenho avassalador, mas com um TDP mais baixo em relação a geração passada.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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