Cirurgia para separar gêmeos siameses aconteceu em sala com realidade virtual

Cirurgia para separar gêmeos siameses aconteceu em sala com realidade virtual

O uso da tecnologia está trazendo novas oportunidades, e o campo da medicina continua sendo impactado com essa evolução. Uma cirurgia complexa para separar os gêmeos siameses brasileiros que nasceram unidos pelo crânio é uma prova viva disso, já que a operação aconteceu em uma sala com realidade virtual e participação de médicos de diversos países.

O processo de separação dos gêmeos foi complexo, envolvendo muitos procedimentos e a participação de aproximadamente 100 médicos. Bernardo e Arthur Lima têm quase 4 anos, o que os tornam os gêmeos siameses mais velhos a participar de um procedimento como esse.

Uso da realidade virtual para a cirurgia

A cirurgia de separação de gêmeos unidos pelo crânio é uma das mais complexas na área da medicina e foi realizada pela Gemini Untwined, pertencente ao cirurgião Noor ul Owase Jeelani.

A sala com realidade virtual possibilitou que cirurgiões de várias partes do mundo pudessem participar da operação usando fones de ouvido e podendo interagir com alguns elementos. A operação contou com 7 cirurgias, cuja final teve uma duração de 27 horas.

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Para que tudo acontecesse de forma correta, os médicos se basearam em exames como de tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas. Inclusive, eles usaram ainda uma impressão em 3D dos cérebros dos garotos para que pudessem se guiar durante a separação deles.

Essa não foi a primeira tentativa para a separação. Outras operações já tinham sido feitas com esse intuito, porém não foram bem sucedidas porque os gêmeos compartilhavam uma veia importante no cérebro. Mas ao fim, tudo deu certo.

Eles mantiveram uma pressão arterial e batimentos cardíacos altos depois da separação, mas quando se reencontraram novamente depois de 4 dias e tocaram um ao outro, esses níveis voltaram a normalidade.

Bernardo e Arthur são os gêmeos craniópagos (que têm o crânio unido) mais velhos a serem separados no mundo.

Apesar das dificuldades, tudo deu certo

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Essa não foi a primeira operação para separação de gêmeos siameses realizada com sucesso pela instituição Gemini Untwined. Eles já contam com 6 casos de separação no momento, contando com essa dos gêmeos brasileiros. Todas as outras anteriores foram realizadas no Sudão, em Israel e na Turquia.

A instituição foi fundada em 2018, e tinha desde então o objetivo justamente de dar suporte e uma chance para famílias que precisavam desse tipo de operação de separação. Segundo eles, existe a ocorrência de gêmeos siameses em 1 a cada 60 mil nascimentos. Dentre eles, 5% são criópagos, o que é um total de cerca de 3.000 nascimentos a cada 60 mil.

A operação de Bernardo e Arthur aqui no Brasil foi realizada junto ao médico Gabriel Mufarrej, que é o chefe de cirurgia plástica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, localizado no Rio de Janeiro. Já a direção ficou por parte do Great Ormond Street Hospital, de Londres.

Os gêmeos já vinham sendo atendidos pelo hospital do Rio de Janeiro há cerca de 2 anos, que foi quando os pais se mudaram de Roraima nesse intuito. O tempo e a dedicação a eles foram tão grande que o médico chegou a dizer que eles se tornaram parte da família do hospital.

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“Desde que os pais dos meninos vieram de sua casa na região de Roraima para o Rio para buscar nossa ajuda há dois anos e meio, eles se tornaram parte da nossa família aqui no hospital.”

O cirurgião responsável pela instituição, Noor ul Owase Jeelani, revelou que tudo foi “coisa da era espacial.”

“É simplesmente maravilhoso. É realmente ótimo ver a anatomia e fazer a cirurgia antes de realmente colocar as crianças em risco. Você pode imaginar como isso é reconfortante para os cirurgiões. De certa forma, essas operações são consideradas as mais difíceis do nosso tempo, e fazê-lo em realidade virtual era realmente coisa da era espacial.”

Ele revelou que estava muito apreensivo justamente porque a cirurgia já tivera algumas tentativas que não foram bem sucedidas. Ao final da operação, ele estava bastante exausto. Durante as 27 horas que durou o procedimento, o cirurgião fez apenas 4 pausas de 15 minutos cada com o intuito de se hidratar e se alimentar. Porém, ao final, tudo valeu a pena ao ver a felicidade da família depois.

Os gêmeos estão atualmente bem e passarão ainda por seis meses para reabilitação.

Fonte: CNN

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