Em breve, até mesmo os seus sonhos poderão ter anúncios (DEUS ME LIVRE!)

Em breve, até mesmo os seus sonhos poderão ter anúncios (DEUS ME LIVRE!)

Você não leu errado, é isto mesmo: em breve, até mesmo os seus sonhos podem ter anúncios! Não me surpreende essa tática da indústria, tendo em vista o momento em que vivemos, com metaversos saindo de todos os lugares.

Mas o assunto dessa notícia, em particular, soa bastante alarmante, pois já existem projetos de pesquisas para implementar tal insanidade.

Alguns pesquisadores e neurocientistas, especialistas nas particularidades do sono, já tocam o sino para alertar sobre uma vindoura tática de mercado: inserir anúncios nos seus sonhos.

O alerta se tornou mais enfático após a publicação de um artigo no site da revista Aeon, especializada em publicar matérias sobre os pensamentos mais provocativos e profundos da internet.

A construção do artigo, que contém similaridades com ensaios acadêmicos, foi feita por um trio de pesquisadores das Universidades de Harvard, de Montreal e o do MIT.

O título do artigo é “Por dentro dos seus sonhos”, cujo subtítulo afirma que técnicas de manipulação de sonhos podem nos ajudar a “criar, curar e nos divertir”. No entanto, a revista alerta sobre as possibilidades dessas técnicas se tornarem ferramentas de manipulação comercial.

Os acadêmicos ressaltam que “múltiplos estudos de marketing estão testando abertamente novas formas para alterar e impulsionar o comportamento de consumo através do sono e da manipulação de sonhos”.

Dream hacking é o termo que os autores usam para se referir à manipulação de sonhos, que, de acordo com eles, será feita através do uso comercial, com fins lucrativos da Inserção — a técnica usada para influenciar o sonho de uma pessoa, também chamada Incubação de Sono.

Como essa ideia maluca começou?

Segundo o artigo, há algum tempo, publicitários e profissionais de marketing já estudam a possibilidade de inserir anúncios de seus produtos nos sonhos das pessoas.

Os autores do artigo utilizaram o exemplo da propaganda da empresa do ramo de bebidas Molson Coors, cuja transmissão ocorreu em fevereiro, na noite anterior do Super Bowl.

A propaganda intitulada “o maior estudo sobre sonhos do mundo” é repleta de imagens das bebidas da empresa junto de representações positivas, para entrar na mente dos sonhadores.

Para tanto, eles contrataram um psicólogo de Harvard para desenvolver um estimulante para incubação de sonhos e ofereceram bebidas grátis para incentivar a participação das pessoas. Confira a propaganda da Molson Coors.

Além disso, o mais impactante foi a ação de marketing com o cantor Zayn Malik, ex-integrante da banda One Direction. Malik aceitou fazer uma live no Instagram dormindo enquanto era estimulado pelo incubador de sonhos da Coors.

Posteriormente, Malik afirmou que o projeto era “meio confuso”.

Zayn Malik dormindo durante a live no Instagram. Créditos: Instagram/Reprodução

Curiosamente, a ação da Molson Coors usou o termo “Incubação de Sonho Direcionada” (TDI – Target Dream Incubation), e você vai ficar supresso ao descobrir quem inventou tal termo.

Nossos sonhos serão invadidos por anúncios?

O caso citado acima não foi o único. No início do texto, ressaltamos haver vários estudos de marketing ocorrendo para ara alterar e impulsionar o comportamento de consumo através do sono e da manipulação de sonhos.

A Associação Americana de Marketing, em um estudo publicado em 2021, informou, até os próximos três anos, 77% de profissionais de marketing de empresas americanas visam aplicar a tecnologia de anúncios em sonhos.

A realidade está chegando, mas você não vai acreditar quem ajudou a fomentar essa ideia.

Recentemente, Adam Horowitz e Robert Stickgold, pesquisadores do MIT e da universidade, respectivamente, trabalharam no desenvolvimento de um dispositivo de incubação de sonhos chamado Dormio.

Antes de entrar no assunto, é de suma importância ressaltar que Horowitz e Stickgold são os autores do artigo publicado na revista Aeon alertando sobre o perigo de anúncio nos sonhos.

Dito isso, voltando ao assunto, o Dormio é um dispositivo que une três sensores de sono a um computador, ou smartphone, para induzir os usuários a pensar em um determinado tópico.

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O dispositivo Dormio consiste, basicamente, em uma pulseira. Créditos: MIT

Em seguida, após determinar que os usuários caíram no sono por um período de tempo pré-determinado, a tecnologia os acorda através de um som e grava seus relatos verbais sobre o sonho.

Essa técnica, publicada em um artigo recente, chama-se “Incubação de Sonho Direcionada” (TDI – Target Dream Incubation), que apresentou uma incorporação mais confiável de indução de sono nos participantes em relação a testes anteriores.

Consequentemente, o artigo recente sobre o TDI influenciou a propaganda da Molson Coors, pois o termo só havia aparecido no artigo.

As maiores empresas já estão atrás do TDI

Os próprios pesquisadores afirmam que, com o progresso das pesquisas nessa área, as empresas usarão as técnicas do TDI e farão descobertas para manipular nossos sonhos, inserindo anúncios e, até mesmo, influenciando a forma como acordamos.

Os autores do artigo ressaltam que, “não surpreendentemente, um de nós (Adam), já foi contactado por várias empresa, incluindo grandes nomes da indústria tech”.

De acordo com eles, essas empresas buscam orientações em projetos de incubação de sonhos para uso comercial. No entanto, os autores ressaltam que os princípios e métodos basilares do TDI não são tão difíceis de compreender e implementar.

O Apple Watch. Créditos: Apple

Além disso, as gigantes do Vale do Silício, como Amazon, Apple e Google, já desenvolveram dispositivos para monitorar o sono das pessoas, como Apple Watch, o Fitbit e o Nest Hub.

“Embora essas tecnologias e os dados que elas coletam são usados ostensivamente para melhorar os sonhos das pessoas, não é difícil imaginar um mundo em que nos celulares e smart speakers se tornem instrumentos de anúncio em sonhos, ou coleta de dados”.

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