Paul Allen, cofundador da Microsoft, morre aos 65 anos

Morreu hoje (15) aos 65 anos Paul Allen, cofundador da Microsoft, em decorrência de complicações de sua batalha contra um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer. A informação foi confirmada Vulcan Inc., empresa criada pelo executivo com sua irmã Judy para fins filantrópicos. Allen era solteiro, e não teve nenhum filho.

Allen combate o câncer desde 1983, quando foi diagnosticado e iniciou o tratamento contra um linfoma de Hodgkin. Em 2009 ele passou por uma nova, desta vez com um linfoma não-Hodgkin. No início do mês, através de sua conta no Twitter, Allen divulgou que este câncer havia retornado. “Soube recentemente que o linfoma não-Hodgkin que eu combati em 2009 retornou. Comecei o tratamento e meus médicos estão otimistas de que teremos um bom resultado. Agradeço o apoio que tenho recebido e conto com ele enquanto luto contra este desafio”, escreveu.

Confira abaixo a nota de falecimento divulgada por Judy Allen, irmã de Paul.

“Meu irmão era um indivíduo marcante em todos os níveis. A maioria das pessoas conhecia Paul Allen como um filantropo tecnológico, mas para nós ele era um irmão e tio querido, e um amigo excepcional. Seus amigos e familiares foram abençoados de conhecer sua inteligência, seu entusiasmo, sua generosidade e sua preocupação. Mesmo com todas as demandas de sua agenda, sempre havia tempo para a família e para os amigos. Neste momento de perda e luto para nós — e para muitos outros — estamos profundamente gratos pelo carinho e preocupação que ele demonstrava todos os dias.”

Além da filantropia (estima-se que ele duo mais de US$ 2,5 bilhões para caridade) , que é um legado para a humanidade, Allen deixa uma herança profissional gigantesca, já que, juntamente com Bill gates, fundou a Microsoft em 1975. Allen foi quem despertou o interesse de Gates em abraçar a indústria da computação pessoal, que começava a se desenhar com o Altair. 

Essa incursão no que veria ser tornar a Microsoft partiu de um software que tornaria possível para hobbistas criar seus próprios programas no Altair, um interpretador para a linguagem de programação BASIC, que rodaria no microprocessador Intel 8080 do Altair.

Essa empresa, que poderia ter se chamado Allen & Gates, e que viu no Windows a sua consolidação no mercado de softwares, apostou desde o início no modelo de negócio que permitia o licenciamento para vários equipamentos de empresas diferentes – essa forma de tocar pra frente o negócio aparece de forma escancarada no acordo entre a Microsoft e IBM, na época do lançamento do IBM PC, sem dúvidas o melhor negócio da história do software.

Allen saiu da função executiva na Microsoft em 1983 – assim que descobriu a doença – e do conselho de diretores em 2000. O investimento em esportes também foi uma marca significativa em sua trajetória. Ele era o proprietário das franquias Portland Trail Blazers (NBA), Seattle Seahawks American (NFL) e coproprietário do Seattle Sounders Football Club (MLS). Dois desses times são de Seattle,, cidade que Paul Allen nasceu em 21 de janeiro de 1953.

A fortuna de Allen é estimada em US$ 20 bilhões, garantindo a 44ª posição entre os mais ricos do mundo, de acordo com a Forbes. Além da Microsoft e de seus times Allen é reconhecido por sua participação em mais de 140 empresas de entre as quais Dreamworks, GoNet eOxygen. 

A relação com Bill Gates teve seus altos e baixos, inclusive eles ficaram um ano sem se falar, após Paul Allen publicar sua biografia em 2011, e fazer duras críticas à Gates, acusando-o de um “oportunista mercenário” e que ele tentou “enganá-lo”. O estilo altamente exigente de Gates, na visão de Paul, também teria contributo por estremecer a amizade.

Após a repercussão Allen se retratou, dizendo inclusive que eles haviam resolvido suas diferenças. A reaproximação aconteceu apenas em 2012. Após a morte da mãe de Paul Allen em 2012, Gates contatou o antigo amigo para prestar suas condolências, e que acabou resultando na renovação da amizade.

Um ano depois Allen e Gates relembraram essa parceria lendária recriando um foto icônica de 1981, em que os dois estão rodeados de computadores da época. O registro de 2013 foi feito no museu Computer Living, (mais um dos investimentos de Allen), em Seattle, ele reúne computadores antigos.

Confira abaixo a nota divulgada por Bill Gates lamentando a perda do antigo amigo:

Estou desolado com a morte de um dos meus mais velhos e queridos amigos, Paul Allen. Desde os nossos primórdios juntos na Lakeside School, através da nossa parceria na criação da Microsoft, para alguns dos nossos projetos filantrópicos conjuntos ao longo dos anos, Paul foi um verdadeiro parceiro e querido amigo. A Computação pessoal não teria existido sem ele.

Mas Paul não estava contente em apenas iniciar uma companhia. Ele canalizou seu intelecto e compaixão em um segundo ato focado em melhorar a vida das pessoas e fortalecer as comunidades em Seattle e em todo o mundo. Ele gostava de dizer, “se tem o potencial de fazer o bem, então devemos fazê-lo. ” Esse é o tipo de pessoa que ele era.

Paul amava a vida e os que o rodeiam, e todos o valorizávamos em troca. Ele merecia muito mais tempo, mas suas contribuições para o mundo da tecnologia e da filantropia viverá para as próximas gerações. Vou sentir falta dele tremendamente. “

Bon vivant, Allen soube como aproveitar a condição de multimilionário desde os 30 anos. Reconhecidamente um colecionador de aeronaves da Segunda Guerra Mundial, obras de arte, amante de iates, mansões e blues-rock – era guitarrista de uma banda, a  Underthinkers.

Sua variedade de investimentos e contribuição para a humanidade fazem parte do que Allen dizia como uma atitude positiva e otimista, que manteve durante sua batalha contra o câncer.

Você olha para as coisas que gosta na sua vida, mas, muito mais importante, é o que você pode fazer para tornar o mundo um lugar melhor (Paul Allen).