Canonical trabalha no Mir, um servidor gráfico próprio

O Ubuntu é uma distro Linux bem diferente. Em vez de simplesmente empacotar os tradicionais aplicativos do mundo Linux como quase todas fazem, a Canonical quis criar sua própria interface (Unity). Inicialmente voltada à moda dos netbooks, a interface ganhou mais força e foi parar nos desktops. Seus conceitos básicos (como o lançador no lado esquerdo) estão presentes na versão mobile do Ubuntu Touch, para tablets e smartphones.

Agora a empresa está trabalhando em uma outra área importante, mas raramente visível para os usuários finais, apesar de controlar quase tudo na tela: o servidor gráfico. A Canonical está desenvolvendo o Mir, um substituto do X ou Wayland. É para uso próprio porém open source, como quase tudo no Ubuntu.

Os maiores problemas com o X ficam por conta do código de legado, de quase 30 anos atrás. Apesar de ter evoluído e suportado novas tecnologias aos poucos, fica complicado lidar com o X para alguns tipos de tarefas. O Wayland quis suprir essa parte, mas ele também não serve para a Canonical. As metas da empresa consistem na criação de uma mesma base de código para computadores, tablets, smartphones e TVs. O mesmo servidor gráfico, o mesmo código da interface Unity, tudo. A aparência final será definida dinamicamente dependendo do dispositivo. Com isso o desenvolvimento e manutenção ficam mais fáceis, ao menos em teoria.

Há alguns problemas, claro. O maior deles por agora é como lidar com os drivers proprietários. A empresa espera convencer os fabricantes (especialmente Nvidia, AMD e Intel) a lidar com um padrão que facilite a portabilidade dos drivers. De início os desenvolvedores irão trabalhar com os drivers open source.

A página com as especificações detalha os problemas técnicos enfrentados pelas soluções atuais, e dá os motivos pelos quais a Canonical decidiu criar um novo servidor gráfico do zero.

Nas próximas versões do Ubuntu a empresa espera ter tudo pronto, especialmente para 2014. A migração será feita inicialmente no Ubuntu Touch. Além do Mir ele lidará com o Unity Next, uma versão do Unity baseada em Qt/Qml, que deverá ser a base do projeto daqui para frente.