Tablet de US$ 99 com tela capacitiva e Android 4.0 com processadores MIPS

Por: Carlos E. Morimoto

A arquitetura MIPS surgiu a partir de 1984, como uma arquitetura RISC de alto desempenho, que fez bastante sucesso tanto em estações de trabalho quanto em supercomputadores, chegando a receber uma versão do Windows NT 4.0. Assim como a arquitetura ARM, a MIPS é licenciável, permitindo que diferentes fabricantes produzam e adaptem os projetos dos chips, moldando-os a diferentes aplicações.

Com o passar do tempo, a arquitetura MIPS saiu um pouco dos holofotes, ficando mais restrita ao mercado de dispositivos embarcados, mas recentemente ela tem passado a ser usada também em tablets e smartphones de baixo custo com o Android. A primeira geração de tablets usava SoCs de baixo-custo, operando na casa dos 400 MHz, e era muito lenta sob qualquer ponto de vista, mas uma geração de SoCs mais rápidos está chegando ao mercado, permitindo que a arquitetura comece a aparecer como uma concorrente aos chips ARM.

Um bom exemplo dentro dessa nova safra é o JZ4770, um SoC que inclui um chip MIPS32 operando a 1.0 GHz. Em termos de desempenho bruto, ele fica mais ou menos no mesmo nível de um ARM11 operando à mesma frequência, mas ele tem como vantagem o fato de oferecer um consumo elétrico de apenas 90 mW (na frequência máxima), o que é mais do que competitivo em relação aos chips ARM. O SoC inclui também um acelerador gráfico com suporte a OpenGL ES 2.0 e capaz de decodificar vídeos 1080p via hardware e outros componentes.

Além de oferecer um baixo consumo, ele é um SoC bastante barato, o que permitiu que a Ainovo o usasse como base para um tablet 7″ de US$ 99, que oferece como grande diferencial o fato de usar uma tela capacitiva (em vez das telas resistivas baratas geralmente usadas em tablets nessa faixa de preço), oferecendo uma experiência de uso bem mais próxima da dos tablets mais caros:

Além da tela, este tablet oferece outro diferencial importante, que é a autonomia. A maioria dos tablets ARM baratos usam SoCs que não são otimizados para dispositivos móveis, oferecendo autonomias muito baixas em stand-by (tipicamente menos de um dia), enquanto este modelo da Ainovo tem uma aunomia em stand-by estimada em cerca de 300 horas, acabando com a necessidade de biacar ligando e desligando o tablet a cada uso, como no caso da maioria dos Chineses. Outro ponto importante é que ele já roda o Ice Cream Sandwich:

Por ser uma arquitetura diferente o MIPS enfrenta uma pequena barreira de entrada, que é a falta de compatibilidade com alguns aplicativos do Android que utilizam chamadas ARM de baixo nível (em vez de rodarem exclusivamente sobre a máquina virtual, que é multiplataforma). Na prática o problema não é tão grande assim, já que o Market filtra os aplicativos compatíveis e muitos desenvolvedores já estão , mas esteja preparado para ver algumas mensagens de que “o aplicativo não é compatível com o seu dispositivo”. De qualquer forma, é muito interessante ver a MIPS despontando como uma concorrente à arquitetura ARM, apimentando as coisas.

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